Valor Econômico
O Banco Central (BC) vai investigar denúncias feitas pela revista “Época” contra o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no processo de intervenção do banco Cruzeiro do Sul.
“O diretor de organização do sistema financeiro determinou ao departamento de liquidações extrajudiciais que promova, com urgência, uma completa e aprofundada averiguação dos fatos, abrangendo a contratação de empresas para a prestação de serviços na instituição financeira, por meio de diligências e verificações”, afirmou Isaac Sidney Menezes Ferreira, procurador-geral do BC.
O procurador disse que a autoridade só tomou conhecimento de “eventuais fatos relevantes na gestão do Cruzeiro do Sul” a partir da reportagem da revista “Época”.
A averiguação que será feita foi determinada por Sidnei Corrêa Marques, diretor de organização do sistema financeiro, para Dawilson Sacramento, chefe do departamento de liquidações extrajudiciais.
Em reportagem desta semana, a revista “Época” trouxe que o FGC terceirizou serviços do banco Cruzeiro do Sul para uma empresa chamada IMS Tech. Celso Antunes, diretor do FGC, foi sócio de um dos atuais acionistas da IMS em uma outra companhia.
Em junho de 2012, depois de encontrar inconsistências nos ativos do Cruzeiro do Sul, o Banco Central determinou o início do Regime de Administração Especial Temporário (Raet) no banco. Até setembro do ano passado, o FGC ficou responsável pela gestão do banco, tendo contratado a IMS como prestadora de serviços.
A empresa presta também outros serviços ao FGC, como a gestão de garantias do Depósito a Prazo com Garantia Especial 2 e do Fundo de Compensação de Variações Salariais. Também atuou no banco Morada, liquidado pelo BC em outubro de 2010.
O objetivo do BC com a Raet era encontrar um comprador para o Cruzeiro do Sul. Depois da tentativa sem sucesso, a liquidação do banco foi decretada.
Segundo o procurador, em casos de liquidação ou intervenção, atos de gestão – como a escolha de prestadores de serviços – não devem ser levados à autoridade.
Ferreira diz que a troca de interventor no Cruzeiro do Sul, feita em maio deste ano, não teve relação com a IMS. A saída de Sérgio Prates, diz o procurador, se deveu a outros dois fatores. Um deles foi o número de reclamações de devedores que não conseguiam informações sobre suas dívidas. Além disso, Ferreira diz que Prates havia informado que permaneceria no cargo por tempo limitado.
Em comunicado publicado em seu site no sábado sobre a reportagem da “Época”, o FGC disse que “contratou empresas de reconhecida capacitação técnica, aptas a realizar os trabalhos no curto prazo de que dispunha na ocasião”.
“Frise-se que o FGC é uma entidade privada e a contratação de serviços é feita exclusivamente por decisão dos seus órgãos diretivos, assim como o Banco Cruzeiro do Sul, mesmo no Raet, continuava funcionando normalmente e submetido às regras do direito privado”, afirmou o FGC.
O fundo disse que Antunes deixou a Interbank, na qual era sócio de Carlos Cesarini, em dezembro de 2011, assumindo um cargo de direção no FGC em janeiro do ano seguinte.
Em relação às dificuldades em atender os tomadores de crédito do banco, o FGC afirmou que elas “não guardam relação com a terceirização dos serviços. Os problemas, disse o FGC, decorrem do encerramento das atividades do banco e da confiabilidade dos seus sistemas tecnológicos.