O mercado financeiro pediu e o Banco Central atendeu. E com folga. O Copom decidiu na reunião que se encerrou ontem aumentar a taxa Selic em 0,5%, atingindo 11,75% ao ano. Foi o primeiro aumento da taxa básica de juros desde maio de 2005.
O aperto foi ainda maior do que o esperado pelos analistas, que em geral previam uma alta de 0,25 ponto percentual. A justificativa dada pelo BC foi a pressão inflacionária detectada pelo IPCA – índice oficial do governo – que acumula alta de 4,73% em 12 meses. A meta do governo é 4,5%.
Para Carlos Cordeiro, secretário-geral da Contraf-CUT, essa decisão vai na contramão da trajetória atual do país. “Estamos num momento de crescimento econômico, geração de emprego e crescimento da renda dos trabalhadores e esse aumento visa interromper esse processo”, sustenta. “O Copom demonstrou mais uma vez que é dependente e refém do mercado financeiro, que já vinha apostando na alta dos juros”, avalia.
Artur Henrique , presidente nacional da CUT, considerou “lamentável” que o Copom tenha mais uma vez “desprezado a vontade da imensa maioria da sociedade”. A CUT, em conjunto com cinco outras centrais sindicais, divulgou nesta segunda-feira uma nota exortando o BC a reduzir a taxa básica de juros.
Após alta dos juros, bancos lucram na bolsa
Com a elevação da taxa básica de juros, as ações dos bancos subiram na Bovespa no início do pregão de hoje (17 de abril). Juros mais altos significam mais ganhos para essas empresas, daí a atração pelos papéis do Itaú (alta de 2,79%), Banco do Brasil (3,04%), Unibanco (3,48%) e Bradesco (2,60%). Não há uma previsão de queda da procura pelo crédito, uma das principais fontes de receita dos bancos atualmente, devido ao aumento da taxa Selic. Mesmo tendo uma alta em seus juros, a demanda pelo crédito está aquecida e a ampliação intensa desse serviço deve permanecer nos próximos meses.
Fonte: Contraf-CUT, com CUT e Seeb BH
