Eduardo Campos
Valor Econômico | De Florianópolis
O Banco Central (BC) anunciou ontem durante o VI Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira o lançamento do Sistema Registrato, que permitirá ao cidadão ter acesso às informações sobre suas operações de crédito e relacionamento com o sistema financeiro.
Em circular divulgada ontem, o BC criou o chamado “extrato do registro de informações”. Os bancos terão 30 dias para adaptar seus sistemas. Segundo o chefe do departamento de Atendimento Institucional do BC, Fernando Dutra, será possível acessar os dados de duas bases administradas pelo BC: o cadastro de clientes do sistema financeiro, onde estão informações sobre conta corrente, caderneta de poupança e outras operações de depósitos, e os dados do Sistema de Informação de Crédito (SRC), que concentra todas as operações de crédito acima de R$ 1 mil.
O sistema foi desenvolvido em parceria com Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e ABBC, associação de bancos médios. O cidadão vai ao site do BC, digita suas informações e recebe uma pergunta de segurança. Depois ele valida essa pergunta de segurança no seu internet banking. Feito isso ele retorna ao site do BC e obtém seu relatório. Os dados apresentados são de responsabilidade das instituições financeiras.
Na abertura do seminário, o diretor de fiscalização do BC, Anthero Meirelles, que respondia como presidente interino da autarquia, não falou sobre inflação, câmbio ou juros. Além de anunciar o Registrato, Meirelles falou da possibilidade de que as cooperativas de crédito possam emitir letras financeiras para compor seu patrimônio de referência. Segundo ele, esse é uma forma mais estável para captação de recursos para as operações de médio e longo prazos das cooperativas. Os detalhes sobre essas letras financeiras serão apresentas nesta terça-feira.
O BC anunciou ainda o aperfeiçoamento das regras para o registro de reclamações contra instituições financeiras, que entrarão em vigor em 2 de janeiro de 2015. Segundo, Dutra, do BC, o regulamento incorpora condutas já cobradas das instituições financeiras e o principal objetivo é garantir a qualidade das informações prestadas aos clientes. “Esperamos que as informações que venham das instituições financeiras sejam ainda mais qualificadas do que atualmente”, disse.
Entre as mudanças trazidas estão a inclusão das instituições de pagamento como passíveis de reclamação e a obrigatoriedade de resposta completa dos questionamentos pelas instituições financeiras.
Durante o Fórum, o Sebrae apresentou pesquisa mostrando aumento do financiamento bancário para micro, pequenas empresas e empresas individuais. De acordo com o Sebrae, 23% das empresas pesquisadas têm empréstimos junto a bancos oficiais, em comparação a 7% em 2009. Já os financiamentos junto aos bancos privados subiram de 5% dos entrevistados para 19% agora em 2014. Foram ouvidas 1.500 empresas entre agosto e setembro deste ano.
O BC também apresentou o relatório trazendo os resultados da Parceria Nacional para Inclusão Financeira, programa firmado em 2012 entre 12 instituições do governo.