Bancários voltam a tomar as ruas de Belém no 13º dia de greve

Bancários, funcionários dos Correios, trabalhadores da rede estadual de educação, servidores do Detran e da Adepará, categorias que estão em greve no Pará unificaram suas lutas e tomaram as ruas de Belém em uma grande passeata nessa terça-feira, 1º de outubro, 13º dia de greve nacional dos bancários que contabiliza quase 11 mil agências de bancos públicos e privados paradas em todo país.

Mais de 500 pessoas participaram do ato para cobrar dos governos e dos banqueiros mais respeito, melhores salários e melhores condições de trabalho. A manifestação saiu às 10 horas da escadinha da Estação das Docas, percorreu toda a Avenida Presidente Vargas e encerrou na Avenida Nazaré, em frente ao Centro Integrado de Governo (CIG).

CUT, Contraf-CUT, Fetec-CUT Centro Norte, CTB, CSP Conlutas, Marcha Mundial das Mulheres, UNE, UMES dentre outras organizações do movimento estudantil, Sindicato dos Jornalistas e da Construção Civil, e os mandatos dos vereadores Cleber Rabelo e Fernando Carneiro somaram-se à passeata em solidariedade às categorias em greve. O diretor do Sindicato dos Bancários, Gilmar Santos ajudou na coordenação da manifestação.

A greve vai derrotar a ganância dos banqueiros

Durante o protesto, o Sindicato dos Bancários do Pará fez paradas em frente a todas as agências bancárias que estavam no trajeto para mandar o recado da categoria aos banqueiros que se negam a retomar as mesas de negociação e apresentar uma proposta que atenda de fato às reivindicações dos trabalhadores.

“Nós da categoria bancária reivindicamos que os trabalhadores não só tenham melhores salários, melhores condições de trabalho, mas também mais contratações nos bancos, abertura de mais agências, redução dos juros e tarifas bancárias que são exorbitantes, e o sistema financeiro é o que mais lucra nesse Brasil e, lamentavelmente, ele não retribui nos salários dos trabalhadores e nem tão pouco em melhores condições de atendimento para toda a nossa sociedade”, denuncia a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.

A dirigente sindical também cobrou uma reformulação no sistema financeiro nacional e mais responsabilidade dos bancos e do Governo Jatene com a segurança pública no Estado. “Existe a necessidade de mudança de postura no sistema financeiro nacional, pois bancários estão morrendo pela falta de condições de trabalho, estão sendo assediados nas unidades de trabalho, bancários e clientes estão morrendo nas agências por falta de segurança, que é responsabilidade não apenas dos bancos, mas também da segurança pública que não pode permitir que a os trabalhadores bancários e toda a sociedade continue sendo vítima de assaltos e de ‘saidinhas’ bancárias, o Governo do Estado precisa dar uma resposta a isso”, complementa Rosalina Amorim.

NÃO ao PL 4330 das terceirizações

A categoria bancária também protestou durante a passeata contra o Projeto de Lei 4330 do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), que prevê a regulamentação das terceirizações em todas as empresas públicas e privadas.

“O PL 4330 significa precarizar as relações de trabalho, rasgar a CLT, acabar com os direitos dos trabalhadores. Não podemos aceitar essa postura passivamente, temos que cobrar dos nossos representantes para que esse projeto seja abolido, seja retirado da votação na Câmara de Constituição e Justiça do Congresso Federal.

Hoje, os empresários querem fazer manobra para acabar com os direitos dos trabalhadores, pois esse projeto significa acabar com os concursos públicos, significa não contratar mais trabalhadores diretos nas empresas, significa rasgar todos os nossos direitos e precarizar as relações de trabalho. Mas nós queremos a garantia dos nossos direitos e melhores condições de trabalho para os bancários, na saúde, na educação, nos Correios, para toda a classe trabalhadora, e por isso vamos à luta”, destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários.

“Não podemos baixar a guarda contra o PL 4330. Nossa greve nacional tem nos possibilitado reforçar a mobilização na sociedade contra esse projeto nefasto que tem intenção clara e exclusiva de acabar com os direitos dos trabalhadores. A nossa luta também visa comprometer os deputados para que se posicionem contra esse projeto da terceirização que os banqueiros e empresários querem aprovar para reduzir os seus custos, precarizar o trabalho e turbinar os seus lucros”, reforçou o vice-presidente da Fetec-CN e diretor do Sindicato, Sérgio Trindade.

Paraense não compra nem picolé com o Governo Jatene

A manifestação das categorias em greve usou irreverência e bom humor ao distribuir picolés com a imagem do governador Simão Jatene, tendo em vista que a atual gestão do Estado investiu cerca de R$ 0,33 em cada paraense em 2012, conforme veiculado na imprensa local, valor insuficiente para comprar sequer um picolé.

“Nessa segunda-feira (30) o Banpará chamou as entidades Sindicais para mais uma rodada de negociação e novamente não apresentou propostas para os trabalhadores. Deixamos claro para a direção do banco e para o Governo Jatene que nós bancários exigimos no Banpará a retomada do tíquete extra, a promoção para todos os funcionários dentro do PCS, a PLR Social e mais investimento em segurança nas agências do Banco do Estado. Sem avanços nesse sentido, continuaremos em greve por tempo indeterminado”, criticou a diretora da Fetec-CN e funcionária do Banpará, Vera Paoloni.

Banpará não consegue interdito proibitório

O Banpará ajuizou interdito proibitório, mas não teve êxito em sua ação contra a greve da nossa categoria. O Juiz que acompanhou o processo (nº 0010397-75.5.08.0015) entendeu que a greve que o Sindicato dos Bancários organiza junto com o funcionalismo do banco não é abusiva e tampouco restringe o direito de ir e vir da população. O Banpará ainda pode recorrer através de mandado de segurança.

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