Presidente da CUT, Artur Henrique, durante manifestação anterior dos bancários
Morda o leão antes que ele te morda. Com esse mote bem-humorado, os bancários voltam a protestar nesta terça-feira, dia 1º de fevereiro, pela correção da tabela do imposto de renda. Haverá mobilização de trabalhadores com o objetivo de pressionar o governo, que tem reunião marcada com as centrais sindicais para quarta-feira dia 2, em Brasília. A reivindicação é de que a tabela seja corrigida de acordo com a inflação do ano anterior, calculada em 6,47% pelo INPC de 2010.
“Estamos deixando bem claro para o governo a importância que a correção da tabela do imposto de renda tem para os trabalhadores”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira. “Quase 90% das campanhas salariais do ano passado arrancaram com muita luta aumento real para os salários e se não houver a correção da tabela do IR, boa parte desses ganhos será mordida pelo leão. Isso nós não podemos deixar acontecer.”
O ato promovido pelo Sindicato terá a marca da criatividade e do bom humor, já tradicionais na categoria bancária. Chocolatinhos com cara de leão serão distribuídos aos trabalhadores em algumas das principais concentrações de bancos em São Paulo, Osasco e região, para lembrar: morda o leão antes que ele te morda.
Lei
O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) quer tornar lei a correção da tabela do imposto de renda de acordo com a inflação do ano anterior. “O ideal é que tenhamos uma regra permanente. Do ponto de vista de uma sociedade democrática, é preciso haver o reconhecimento de que a inflação penaliza o trabalhador e de que a não correção da tabela do Imposto de Renda também os prejudica.”
O especialista em finanças públicas e professor da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Pscitelli, ouvido pela Agência Brasil, concorda. “O Fisco abarca uma parcela daquilo que você não pagava de imposto. Não é possível que no Brasil a gente ainda não tenha institucionalizado a correção da tabela.”
O professor diz que o congelamento da tabela do IR aumenta a tributação sobre os mais fracos. Ele defende que não basta apenas aumentar o salário mínimo – que os trabalhadores querem que chegue a R$ 580 -, é preciso corrigir a tabela do IR para evitar que a tributação absorva o reajuste concedido.