Se o governo golpista de Michel Temer deveria estar vermelho de vergonha com o que tem feito para se livrar das investigações de liderar uma quadrilha de criminosos que assaltou os cofres públicos, os bancários mostraram que estão “vermelhos de raiva” com o que ele está fazendo com os bancos públicos. Em Frente ao Edifício Sede Querência da Caixa Econômica Federal, na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre, bancários de bancos públicos e privados protestaram contra o desmonte dos bancos públicos no Dia Nacional de Luta em Defesa dos Bancos Públicos, na quarta-feira (18). Além de denunciar que neste dia o Conselho da Caixa estava reunido para alterar o estatuto e facilitar a transformação do único banco 100% público do país em S/A, chamaram a população a participar e defender a importância da Caixa como banco que combate crises e promove o desenvolvimento social.
Já se vê nas agências bancários o retrato do desmonte. Mesas vazias, menos colegas para atender demandas. Mais sobrecarga de trabalho para os bancários atenderem FGTS, programas sociais e resolverem problemas de clientes cada vez mais exigentes e indignados. De fato, todo o cenário descrito faz parte da trama do golpe do desmonte para fatiar Caixa ou vender seu controle acionário para um grande banco privado. E como podemos evitar isso? Com muita pressão sobre os golpistas e mobilização. Neste sábado, na sede da Fetrafi-RS, (Rua Fernando Machado, 820, Centro Histórico de Porto Alegre), a partir das 9h, os bancários estão convidados a comparecerem ao Seminário Saúde Caixa Funcef. Será uma oportunidade para tirar as dúvidas sobre direitos e compreender o que problemas como o contencioso têm a ver com a intenção de venda da Caixa.
A diretora da Fenae e empregada da Caixa, Rachel Weber, reiterou o fato de que a derrubada da presidenta Dilma em agosto do ano passado ocorreu para que os golpistas se livrassem das acusações de corrupção e para entregar o patrimônio público. “Desde alguns anos este esquema está sendo montado. Já dissemos há mais de 10 anos que isso estava por acontecer. Eles deram o golpe e não foi de graça. O alvo deles é a Caixa Federal. O lucro da Caixa se transforma em desenvolvimento social. Vimos o que aconteceu com o Banco do Brasil. Quando vira Sociedade Anônima (S/A) quem manda são os acionistas”, esclareceu.
Representante do Rio Grande do Sul na comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e diretor da Fetrafi-RS, Gilmar Aguirre saudou a importante participação dos colegas do edifício Sede Querência no ato e convidou para todos trabalharem juntos em defesa do único banco 100% público do país. “É muito importante a participação dos colegas neste ato. É sinal que compreendemos o perigo e as consequências da mudança dos estatutos da Caixa. Vamos continuar mobilizados, conversando com clientes e familiares. Precisamos da ajuda de todo mundo. Defender a Caixa é defender o Brasil”, discursou.
Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o governo Temer, no caso da venda da Caixa agiu como um ladrão que estuda o alvo, a casa que vai entrar para furtar objetos. “Estão preparando a Caixa para S/A. Estão fatiando ela. O ladrão quando vai arrombar uma casa ele não entra direto. Ele vai fazer vigília na frente pra saber o melhor horário. Quando não tiver ninguém em casa, ele assalta. O Temer decidiu fazer pequenos roubos, mas ele está preparando o assalto. Os bancários têm que fazer muito barulho, porque o ladrão vem para o assalto final”, comparou.
O diretor do SindBancários e empregado da Caixa, Jaílson Bueno Prodes, lembrou do papel fundamental da Caixa no combate à desigualdade social e o que representa o seu desmonte. Jaílson lembrou que quase metade dos municípios gaúchos, cerca de 240, só possui uma agência na cidade, e de banco público, da Caixa, do Banco do Brasil ou Banrisul. “A doação, a entrega do patrimônio público para bancos internacionais. Os financiadores do golpe querem botar a mão no mercado que é da Caixa, Banco do Brasil e de todos os outros bancos públicos”, disse.
Diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Falkenberg Corrêa, alertou para o comprometimento do futuro da economia e da saúde financeira do povo brasileiro que a venda dos bancos púbicos pode provocar. “Não podemos passar o nosso presente e o nosso futuro para a banca privada. Não é somente por uma questão corporativa, mas sim ideológica. A ideologia não é uma palavra feia. A ideologia é como a gente enxerga o mundo para todos”, argumentou.
Para a secretária de mulheres da CUT-RS e bancária, Ísis Marques, a venda dos bancos públicos vai prejudicar a vida das mulheres. Ela contou que o Programa de distribuição de renda Bolsa Família, sob gestão da Caixa, pode desaparecer. “O Bolsa Família tirou 95% das mulheres que têm acesso a este programa de geração de renda da violência. Tem gente que diz que é esmola. Mas não. O Bolsa Família deu autonomia para as mulheres manterem seus filhos na escola”, lembrou.
Mesas vazias
O diretor do SindBancários e empregado da Caixa, Tiago Vasconcellos Pedroso, apontou um indício de que o desmonte da Caixa já está em marcha e é visível nas agências bancárias pelo país. A falta de empregados já aparece nas agências bancárias, prejudicando do atendimento. “Manter a Caixa pública não atende só o interesse dos empregados. Manter a Caixa pública é manter investimento em saneamento, saúde e educação. Hoje as agências da Caixa são de mesas vazias. Isto mostra que estão desmontando o único banco 100% púbico”, enfatizou.