Diante da inação da diretoria do BRB, que marcou negociação para a última sexta-feira (16) e repentinamente desmarcou sem nenhuma explicação (aliás, até agora, nem uma palavra do banco), o Sindicato dos Bancários de Brasília mais uma vez foi ao Governo do Distrito Federal (GDF) em busca de interlocução para uma solução para a campanha salarial.
Nesta segunda-feira (19), por intermédio da deputada federal Erika Kokay (PT-DF), o Sindicato se reuniu com o secretário da Casa Civil do DF, Sérgio Sampaio, ocasião em que foi feito um relato sobre a campanha salarial nacional e a campanha específica do BRB, que se insere neste contexto.
"O Sindicato expôs todo o processo, desde a formatação da pauta de reivindicações, passando pelas negociações, até a situação de hoje, em que nos encontramos em greve, com uma proposta ridícula do banco e um silêncio inexplicável da diretoria diante desta situação", esclarece o diretor do Sindicato Cristiano Severo.
"Enfatizamos ao banco a situação do sistema financeiro como um todo, e também a situação do BRB, que embora esteja com um desempenho muito aquém de sua capacidade, se encontra em condições de apresentar uma proposta digna aos funcionários. O banco não depende de recursos do controlador (GDF), e, na verdade, ele é doador de recursos, via dividendos, além do aspecto de ser um agente de políticas públicas importantes para o GDF", destaca Cida Sousa, secretária-geral do Sindicato.
"Mostramos ao GDF que o banco está inserido em um mercado altamente competitivo, e que precisa de uma gestão que o alavanque, e para isto precisa de funcionários motivados. Não é com uma política de reajuste zero que se vai conseguir isso", ponderou o diretor da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) André Nepomuceno.
O Sindicato aproveitou o encontro para mostrar ao GDF que esta política de compressão salarial destoa de fatos que ocorrem no BRB, tais como: a relação com as conveniências e vans que dão prejuízos vultosos ao banco, e sobre as quais pairam dúvidas quanto à lisura; os altos valores de patrocínios cujo retorno é duvidoso; e os investimentos em informática que até agora não agregaram ganho nenhum ao banco, inclusive com a contratação de empresas para realizar serviços que podem ser desenvolvidos pelos analistas de TI, entre outros.
"Não se ajusta uma empresa, muito menos um banco, cujo maior ativo é seu pessoal, via arrocho salarial. Esta é uma atitude que vai na contramão da busca de uma empresa saudável, que se alavanque e gere maiores resultados. O caminho deve ser o de estimular os funcionários, e junto com eles buscar, inteligentemente, caminhos para potencializar os negócios do banco, fazendo-o crescer", conclui a deputada Érika Kokay.
Ao final da reunião, o Sindicato afirmou que levará ao secretário um documento com todos os fatos relatados, e outros que geram preocupação, visto que vão na contramão de uma gestão pautada pela austeridade.
Pagamento com 5,5% nos VPs é mais uma trapalhada
Nesta segunda-feira (19), os funcionários foram surpreendidos com uma mensagem da diretoria do banco, informando que, já agora neste mês, seria pago na folha um reajuste de 5,5% nos VPs, CPVPs e no PAT (programa de alimentação do trabalhador), que incidirá apenas no vale-alimentação/refeição e não na cesta-alimentação.
Trata-se de mais uma trapalhada desta diretoria, que tem se esmerado em construir uma gestão pautada por "burradas", que começaram ainda em abril, quando descumpriu um acordo coletivo e não pagou a PLR.
"Esta postura só confirma que esta diretoria não tem norte, respeito por si própria nem pelo outro. Acreditar que este tipo de atitude contribuirá positivamente com o ambiente é sinal de que se pode acrescentar às suas 'habilidades' a incapacidade de se fazer leitura de cenário, pois esta nova trapalhada só atiça o ambiente, e coloca mais gasolina no fogo. Se Rollemberg queria no BRB alguém para criar dificuldades, escolheu a dedo a atual diretoria", comenta Eustáquio, diretor do Sindicato.
"Com esta atitude, muitos funcionários do banco agora vão perceber que a diretoria do BRB falava sério quando propôs zero de reajuste, pois a maioria dos funcionários, que recebem pelo VR (valor de referência), terão exatamente este reajuste, caso vingue este comportamento atrapalhado desta diretoria. Ocorre que não vamos deixar isso assim. Precisamos dar uma resposta à altura para mais esta típica ação de uma diretoria que não sabe para onde vai", conclui o diretor do Sindicato Ronaldo Lustosa.