Bancários uruguaios fazem acordo com aumento real válido por três anos

Os bancários dos bancos privados no Uruguai assinaram convenção coletiva nesta segunda-feira 19, após cinco meses de negociações e cinco semanas de manifestações e greves, que garante aumento real de salários e introduz uma novidade: o acordo vale por três anos e contém mecanismos que impedem que os trabalhadores percam com eventual escalada inflacionária.

“Decidimos apostar pela primeira vez na assinatura de um acordo com validade por três anos por várias razões. Primeiro, porque a inflação está baixa no país. Segundo, asseguramos no acordo ganhos reais de salário nesse período futuro, além de mecanismos que permitem a recomposição do salário em caso de aumento da inflação além da projetada. E isso permite que o movimento sindical tenha mais tempo para discutir outros tipos de reivindicações com os bancos”, explica Elbio Monegal, presidente do Setor de Bancos Privados da Aebu (Associação de Empregados Bancários do Uruguai).

“Não tem sentido, numa época de inflação baixa, perdermos cinco meses por ano discutindo salários”, acrescenta Elbio, que nesta quarta-feira 21 participou, na sede da Contraf-CUT em São Paulo, de reunião do Comitê da UNI América Finanças. “Agora podemos concentrar nossos esforços em outros temas tão ou mais importantes que a remuneração, como por exemplo as condições de trabalho, a preservação da saúde e outros tipos de reivindicações, que promovem a qualidade de vida e ao final também resultam em conquistas econômicas.”

Os bancários uruguaios das instituições privadas assinaram o acordo depois de cinco meses de negociações e cinco semanas de mobilização intensa, que incluiu paralisações por bancos, manifestações dentro e fora das agências e ações voltadas para a população. Acordo semelhante, também com duração de três anos, já havia sido assinado anteriormente pelos bancários uruguaios de bancos públicos.

O acordo coletivo tem vigência de julho de 2012 a julho de 2015. Em primeiro de julho de cada ano, os bancários receberão reajuste composto pela inflação projetada para o período julho/junho do ano seguinte mais a eventual diferença entre a inflação projetada e a inflação consumada no ano anterior.

Além disso, os bancários uruguaios terão aumentos reais de salário a primeiro de janeiro dos próximos três anos, que totalizarão 10% até 2015.

Não existe rotatividade no Uruguai

Ao contrário do Brasil, onde os bancos empregam o mecanismo perverso da rotatividade para reduzir salários, não existe ‘turn over’ nas instituições financeiras que operam no Uruguai, nem mesmo no Banco Itaú.

“Embora não tenhamos um acordo formal assinado, há no Uruguai uma estabilidade laboral de fato que é respeitada pelos bancos, inclusive pelo Itaú”, informa o dirigente sindical da Aebu.

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