(São Paulo) Ocorreu ontem, dia 27, sessão solene na Assembléia Legislativa de São Paulo em homenagem ao Dia dos Bancários. O evento foi uma iniciativa do deputado estadual e bancário Cido Sério (PT), que presidiu a sessão.
Representando todos os bancários, foram homenageados Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Sebastião Cardoso, Tião, presidente da Federação dos Bancários de São Paulo da CUT (Fetec-CUT/SP), Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo Osasco e Região, e Glória Abdo, presidente da Associação de Bancários Aposentados de São Paulo.
O presidente da Contraf-CUT, Vagner Freitas, referiu-se ao movimento sindical brasileiro, que mudou tanto esse país que “conseguiu colocar um trabalhador na presidência da República, que está fazendo um processo de transposição de renda que essa elite branca preconceituosa, como disse o ex-governador Lembo, não suporta”. Vagner, no entanto, criticou o governo Lula por não enfrentar a tarefa de regulamentar o Sistema Financeiro Nacional. “O governo recebe muitas críticas, a maioria injusta, mas uma é justa: Precisamos discutir o sistema financeiro nacional. A elite não faz essa crítica, porque é beneficiada pela situação como ela está, mas nós fazemos. Bancos são concessões públicas e o Estado tem o dever de regular sua atuação. O governo Lula precisa fazer o que dele se espera e colocar os bancos para financiar o desenvolvimento desse país”, sustentou.
Sebastião Cardoso lembrou que, além da luta pelas condições de seu dia a dia, os bancários têm uma forte luta social “esparramada por esse país”. “A história dos bancários se faz junto com a história do Brasil”, concluiu. “Até 2002, enfrentamos um forte processo de privatizações e terceirizações que quase dizimou a categoria bancária. Foi um projeto que não considerou a vida dos bancários. Nós resistimos, mas ainda agora existe um rescaldo desse processo, por exemplo, com a Nossa Caixa. Vamos continuar na trincheira”, disse Tião.
O presidente do sindicato de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, agradeceu a homenagem e disse que o importante é lembrar não dos presidentes das entidades, mas “do bancário anônimo, que participa das greves, dos movimentos”. “É o bancário que constrói o desenvolvimento desse país, não o banqueiro. Existem muitas cidades pequenas em que as autoridades que o povo reconhece são o prefeito, o padre e o gerente do Banco do Brasil”, concluiu.
Glória Abdo lembrou da luta dos funcionários aposentados do Banespa e da Nossa Caixa por igualdade de direitos, que ainda não foi vencida, e afirmou a luta dos aposentados. “Não somos da terceira ou da melhor idade: somos velhos e velhas bancários, com muito orgulho e muita luta”, afirmou. “Eu gosto de ser homenageada porque quando lembram de uma velha de 70 anos é porque alcançamos alguma coisa, porque esse país é muito machista”, sustentou.
O presidente da Afubesp, Paulo Salvador, lembrou que a Assembléia foi palco de muitas lutas contra a privatização do Banespa. “O banco foi vendido sem ter nenhum título protestado. Tiveram que dar vários golpes para conseguir a privatização, porque nós resistimos”, disse Paulo.
Já o deputado Cido Sério (PT-SP) declarou ter orgulho de pertencer à categoria e criticou a postura dos bancos durante a Campanha Nacional dos Bancários, que está ocorrendo agora. “Não deveria ter muito debate: se pegar os lucros dos maiores bancos pagam as nossas reivindicações e sobra um troco bom, para os banqueiros”, disse. Cido leu um manifesto escrito pelos funcionários do ABN Amro denunciando os riscos para os trabalhadores da fusão. “Contando ABN e Santander no Brasil, são mais de 50 mil empregos. Eles se fundem, criam condições para ganhar ainda mais dinheiro e demitem funcionários, descontam na gente. Não é correto”, comentou o parlamentar.
Outros deputados estaduais petistas e bancários também participaram da sessão. Marcos Martins e Wanderley Siraque lembraram de sua militância no movimento sindical bancário. Martins recordou um período de intervenção no sindicato de Osasco por parte do Ministério do Trabalho na época da ditadura militar. “Nessa época, rodávamos a Folha Bancária clandestinamente e quem tinha coragem levava para os locais de trabalho”, disse Martins.
Siraque, bancário do ABC, parabenizou Cido Sério pela homenagem aos trabalhadores. “Porque os banqueiros não precisam. Dia do banqueiro é todo dia, mas para bancário é um só”, brincou. O vereador paulistano Chico Macena (PT) elogiou a luta social dos bancários, citando como exemplo o Projeto Travessia. “Como vereador, onde quisemos discutir trabalho social, lá estavam os bancários. A cidade de São Paulo, especialmente, tem uma dívida com os bancários”, declarou.