Mobilização contra o desrespeito do banco ao movimento sindical
Os bancários retardaram nesta quinta-feira (23) por duas horas a abertura da agência do Santander, localizada no centro de Juiz de Fora, próxima à Catedral Metropolitana. A mobilização foi definida no último dia 7, durante a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais, ocorrida em Assunção.
O objetivo foi protestar contra a estratégia do banco de entrar com ações judiciais contra entidades sindicais para tentar calar o movimento sindical.
No final de abril, o banco ajuizou processos, com igual teor, em São Paulo, Campinas, Assis, Araras e Catanduva, buscando a condenação de sindicatos e da Contraf-CUT “em indenização por danos morais, além da obrigação de fazer e não fazer”.
A ação ocorreu após o Dia Nacional de Luta, realizado no dia 11 de abril, quando houve paralisações em todo país e distribuição de uma carta aberta que denunciava a falta de funcionários diante das demissões, além da prática de metas abusivas e do assédio moral.
O banco acusa as entidades de “promoveram a edição de notícias inverídicas e comentários difamatórios, revelando induvidosa má-fé e inegável intenção de deturpar a imagem, reputação e o bom nome do requerente junto aos seus clientes e à sociedade em geral”.
Em agosto de 2011, o Santander também fez algo semelhante, quando entrou com uma medida cautelar na Justiça contra o Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Afubesp, a Fetec-CUT/SP e a Contraf-CUT para que fosse retirado do ar o spot veiculado na Rádio CBN na véspera da final da Copa Libertadores, entre Santos e Peñarol, em São Paulo.
Demissões no país
O Santander continua dispensando trabalhadores em 2013, mesmo depois do processo de demissões em massa em dezembro do ano passado, quando o banco espanhol demitiu sem justa causa 1.153 funcionários e cortou 975 empregos.
Nos primeiros quatro meses deste ano, conforme levantamento feito pela Contraf-CUT junto aos sindicatos, o banco espanhol dispensou 878 funcionários, principalmente coordenadores. Esse número, embora parcial, supera o total de 765 desligados nos primeiros quatro meses de 2012, conforme dados do Caged do Ministério do Trabalho e Emprego.
Enquanto isso na Espanha, que passa por grave crise financeira e onde o banco obtém hoje 11% do lucro global, a situação é bem diferente para os bancários do Santander. Lá, quase não há demissões no banco e um acordo assinado com os sindicatos espanhóis garante que não haverá medidas traumáticas nas relações de trabalho.
“Somos o país onde o Santander vem obtendo maior lucratividade, mas não somos reconhecidos por nosso desempenho”, destaca o secretário geral do Sintraf JF, Carlos Alberto de Freitas (Nunes), que aponta a cobrança de metas abusivas e assédio moral como principais problemas enfrentados pelos funcionários da instituição na Zona da Mata e Sul de Minas.