A luta pela preservação dos empregos e ampliação das contratações nos bancos estará na mesa de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban no próximo encontro da Campanha Nacional 2009, que acontecerá na próxima quinta-feira, 27, em São Paulo. Trata-se de um dos principais eixos da pauta de reivindicações aprovada pela categoria na 11ª Conferência Nacional, realizada em julho.
Estudo elaborado pela Contraf-CUT e pela Subseção do Dieese, divulgado em junho, mostra que os bancos que operam no Brasil fecharam 1.354 postos de trabalho no primeiro trimestre de 2009 e estão usando a rotatividade para reduzir a média salarial dos bancários. As empresas financeiras desligaram 8.236 bancários, principalmente em razão das fusões, e contrataram 6.882 entre janeiro e março.
É uma inversão do que ocorreu no ano passado, quando houve um aumento de 3.139 novas vagas no mesmo período. Uma nova versão do estudo deverá ser publicada na próxima semana com os resultados da evolução do emprego nos bancos no segundo trimestre, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
“Boa parte dessas demissões aconteceu por conta das duas grandes fusões que estão acontecendo, envolvendo Santander-Real e Itaú-Unibanco. Os trabalhadores não podem ser vitimados por uma decisão de negócios que aumentará os lucros das empresas”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “Precisamos incluir na Convenção Coletiva cláusulas de proteção ao emprego, em especial nos casos de fusões e incorporações”.
A pesquisa mostra ainda que os bancos estão utilizando as demissões para diminuir os salários dos bancários. Os desligados no primeiro trimestre recebiam remuneração média de R$ 3.939,84. Já os contratados têm remuneração média de R$ 1.794,46, o que representa uma diferença de 54,45% – menos da metade.
Isso porque os desligamentos foram concentrados nos escalões hierárquicos superiores e as admissões ocorrem principalmente nos cargos iniciais da carreira. Esse movimento intensificou a tendência observada no mesmo período do ano passado, quando a diferença entre os salários médios dos bancários contratados e desligados foi de 34,34%.
“É a famigerada rotatividade que prejudica todos os trabalhadores do país. A pesquisa mostra que 64% dos bancários que deixaram os bancos foram demitidos sem justa causa e apenas 3,7% demitidos por justa causa. Para combater essa injustiça defendemos, junto com a CUT, a ratificação pelo governo federal e pelo Congresso Nacional da Convenção 158 da OIT, que inibe a demissão imotivada. Além disso, queremos que os bancos incorporem os princípios da convenção na convenção coletiva, dando maior proteção e tranqüilidade aos trabalhadores, que hoje vivem sob a ameaça constante da demissão”, afirma Cordeiro.
O levantamento mostra ainda outro dado preocupante sobre as condições de trabalho da categoria: cerca de 30% pediram demissão de seus empregos, mostrando que o grande descontentamento da categoria com a sobrecarga de trabalho a que os bancários são submetidos diariamente. “Os trabalhadores não suportam mais o ritmo de trabalho desumano que enfrentam cotidianamente. É preciso contratar mais bancários para diminuir a sobrecarga, especialmente nas agências, diminuindo também as filas que os clientes dos bancos têm que encarar mesmo pagando tarifas altíssimas”, afirma Cordeiro.
Os trabalhadores lutam ainda pelo fim das terceirizações, processo que desde a década de 90 vem sendo usado pelas empresas para precarizar direitos. “Os trabalhadores terceirizados desempenham funções típicas de bancários, mas não são protegidos pela convenção coletiva da categoria. É uma prática que já foi reconhecida na Justiça como fraudulenta que os bancos utilizam para diminuir custos”, afirma Cordeiro.
O que os bancários querem
– Inclusão na Convenção Coletiva de cláusula com garantia de emprego.
– Contratação de novos funcionários.
– Fim das terceirizações.
– Garantia de emprego nos processos de fusão de bancos.
– Ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe dispensas imotivadas.
– Acabar com as demissões por justa causa em função de endividamento
– Respeito à jornada de 6 horas.
– Ampliação do horário de atendimento ao público com criação de dois turnos de trabalho nas agências.