(Porto Alegre) Enquanto a governadora Yeda e o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, realizavam o pregão que terceirizou os serviços de tesouraria na manhã desta sexta-feira, dia 18, os bancários promoveram uma manifestação em frente ao edifício-sede do banco, no centro da Capital. O ato, realizado na data em que o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre completa 75 anos de fundação, condenou a medida e prometeu novas iniciativas para tentar barrar a privatização silenciosa da instituição.
O Sindicato de Porto Alegre e a Federação dos Bancários do RS (Feeb-RS) avaliam todas as formas jurídicas possíveis para impedir que o governo prossiga com o desmonte do patrimônio dos gaúchos.
As entidades advertem que a terceirização da tesouraria, um serviço essencialmente bancário, é apenas a mostra do que está por vir. “Outros setores passarão pelo mesmo processo, se nada for feito para barrar. É mais um reflexo da capitalização, que busca reduzir despesas e aumentar a lucratividade a todo custo”, critica o secretário-geral do Sindicato dos Bancários, Fábio Soares Alves.
O Sindicato e a Feeb-RS tentaram suspender o pregão via ação judicial, ajuizada no final da tarde desta quinta-feira, dia 17. A ação cautelar contra o Banrisul na Justiça do Trabalho também propôs que o banco se abstenha de contratar a empresa vencedora da licitação. “Também procuramos o Tribunal de Contas do Estado e a Assembléia Legislativa. Todos os esforços estão sendo adotados para que o Banrisul mantenha seu caráter de banco público”, destaca o diretor do Sindicato dos Bancários Ademir Wiederkehr.
O Sindicato alerta que a contratação de empresas para prestar serviços de tesouraria é totalmente ilegal, contrária ao interesse público e poderá gerar passivo trabalhista. Com a medida, a tendência é que o banco sofra ações judiciais buscando vínculo de emprego, conforme reforça o professor de direito trabalhista e processo civil da Faculdade de Direito da PUC-RS, André Jobim de Azevedo.
“O desenvolvimento do Estado está em jogo, pois o banco deixa de cumprir seu papel de instituição pública para atender os interesses dos acionistas”, afirma o diretor da Feeb-RS Carlos Augusto Rocha. Segundo a diretora da Feeb-RS Denise Corrêa, a população vai sentir os efeitos com a precarização dos serviços que passam a ser terceirizados.
“Este é um verdadeiro ataque contra a sociedade gaúcha”, reforça o diretor do SindBancários Antônio Pirotti. E mais: a tendência é que agências não lucrativas fechem as portas. “É reflexo deste conceito de banco de mercado que o banco passa a assumir”, ressalta o diretor da CUT-RS, Everton Gimenez. O protesto contou com a participação de vários sindicatos do Interior do Estado e do movimento estudantil.