Bancários protestam contra descaso do Santander com terceirizados no Rio

Mobilização denuncia situação dos trabalhadores da Qualy Service

A Federação e o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro promoveram uma manifestação em frente ao Realzão, prédio administrativo do Santander no centro da cidade, em protesto contra o descaso com que o banco trata a situação dos terceirizados da limpeza.

Os trabalhadores eram funcionários da Qualy Service, que encerrou as atividades na cidade e deixou os empregados sem rumo. Alguns tiveram promessa de contratação pela Osesp, a nova prestadora do serviço. Mas estão trabalhando numa situação incerta, porque as demissões da Qualy ainda não foram homologadas, nem a contratação pela nova firma.

Os empregados da Qualy vinham recebendo vales-transporte e tíquetes-refeição em parcelas ao longo do mês. Muitos chegaram a não ter como ir até o local de trabalho por falta de crédito nos cartões de vale e a não terem dinheiro para almoçar. Além disso, foi constatado que os pagamentos de INSS e os depósitos no FGTS estavam em atraso há vários meses.

Os funcionários que pediam demissão eram obrigados a pagar pelo exame demissional para serem reembolsados depois. E houve também denúncias de que a Qualy estava exigindo o pagamento de uma taxa para demitir os descontentes. Quando a Osesp ofereceu emprego aos trabalhadores, eles se viram obrigados a pedir demissão da Qualy e abrir mão de direitos.

O Santander já foi convocado duas vezes pela Superintendência Regional do Trabalho para debater em mesa redonda a situação dos terceirizados, mas não compareceu a nenhuma. Na justificativa da segunda ausência, o banco alegou que não era de sua alçada resolver os problemas dos funcionários da prestadora de serviços.

Mas a legislação sobre terceirização determina que o contratante tem responsabilidade solidária sobre os trabalhadores terceirizados. Já houve sentenças judiciais condenando empresas a pagarem encargos e benefícios devidos a funcionários de empresas prestadoras de serviços.

O fechamento da Qualy já era esperado pelos sindicalistas bancários. “Um funcionário nos relatou que seu supervisou o preveniu que a empresa mudaria de sede. Nós desconfiamos do fechamento, não da mudança. Isso foi numa quinta-feira. Na segunda, soubemos que a Qualy havia encerrado atividades no Rio. É sempre assim: a prestadora de serviços começa a atrasar salários, não pagar benefícios, não depositar FGTS e INSS e, em alguns meses, fecha e dá calote nos empregados”, ralata Luiza Mendes, diretora da Federação.

Lambança

A Osesp está assumindo o serviço de limpeza com aproveitamento de alguns ex-funcionários da Qualy, mas a situação é irregular. Agora, um trabalhador tem que cumprir metade da jornada numa agência e a 2a parte em outra unidade. “É um desgaste muito grande, a gente tem que limpar cada agência na metade do tempo, acaba trabalhando duas vezes mais. Eu chego em casa arrasada,” relatou uma funcionária aproveitada pela Osesp.

Como se não bastasse, todos estão ainda sem contrato formal com a empresa. “Se acontecer qualquer coisa com a gente na agência, ou no caminho de uma para outra, como fica? A gente não é funcionário da Osesp,” preocupa-se um trabalhador.

Além da situação dos terceirizados, as condições das agências ficam precárias. “Se a unidade só tem pessoal de limpeza numa parte do dia, o que acontece se acontecer algum problema na outra parte? Os bancários terão que atender os clientes em meio à sujeira? O Santander e suas contratadas estão fazendo a maior lambança”, protesta Luiza Mendes.

A manifestação aconteceu ao meio-dia da última sexta-feira, dia 24 e teve distribuição de cachorro-quente, numa referência á “cachorrada” que o Santander e a Qualy estão fazendo com os trabalhadores. Houve também apresentação de esquete de teatro com a Cia de Emergência Teatral.

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