Bancários protestam contra demissões no Bradesco em Porto Alegre

Um protesto contra demissões imotivadas no Bradesco foi promovido pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários) no final da manhã desta quarta-feira, dia 11, em frente à agencia Oswaldo Cruz, no centro da capital gaúcha.

Duas faixas foram estendidas pelos bancários. Uma delas pedia o fim das demissões e do assédio moral contra os funcionários. A outra criticava o slogam do banco com os dizeres “Bradesco incompleto – o banco incompleto para clientes e funcionários”.

Uma carta aberta foi distribuída aos clientes que passavam pelo local, contendo mais detalhes do descaso do Bradesco com os funcionários e o atendimento precário oferecido, em contraponto ao lucro de R$ 2,7 bilhões obtido no primeiro trimestre de 2011.

O diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Everton Gimenis, disse qual era o objetivo do ato. “Iniciamos aqui uma campanha de denúncia para que o banco passe a tratar seus funcionários e clientes com respeito”, destacou. Ele lembrou as demissões, filas para atendimento e a imposição de metas abusivas, incluindo a venda de produtos e serviços.

“Vamos cobrar do banco a sua responsabilidade social. Se for preciso vamos fechar agências para demonstrar que estamos atentos à violência e ao descaso com que o Bradesco trata seus funcionários e clientes”, declarou o diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Edson da Rocha.

“Todos os funcionários do Bradesco, ao serem contratados, são obrigados a adquirir 1.000 ações do banco, e as imposições não param por aí”, lembrou o diretor do SindBancários e funcionário do banco Nilton Gomes. Ele ressaltou ainda que os bancários são obrigados a vender produtos para seus amigos e familiares. “E, como recompensa por essa dedicação, o Bradesco demite funcionários com idade média de 40 anos para substituí-los por outros mais jovens, com menores salários”, acrescentou.

A diretora do SindBancários e funcionária do Bradesco, Geovana Freitas, manifestou a sua satisfação pela participação de todos no ato, o que certamente mobilizará os colegas e levará à reflexão dos gestores do banco.

“Estamos aqui reunidos para expressar o nosso repúdio às demissões e ao assédio moral contra os funcionários. Só no mês de abril, a cada dois dias um bancário do Bradesco foi demitido”, explicou o diretor do Sindicato e funcionário do Bradesco, Luiz Gustavo Soares.

Para o diretor do SindBancários, Pedro Loss, o Bradesco não tem uma política que dialogue com seus funcionários. “Trabalhadores são explorados e demitidos, contrariando o que se poderia esperar diante de um lucro de R$ 2,7 bilhões em apenas três meses”, argumentou o dirigente.

“Avisamos que esta manifestação é apenas o começo de uma série de ações contra as arbitrariedades cometidas pelo Bradesco, que vem prejudicando funcionários e clientes ao priorizar o lucro, em detrimento da sociedade”, apontou o diretor do Sindicato, Francisco de Assis Magalhães.

“O que acontece aqui é reflexo da política de abuso praticada livremente pelo sistema financeiro em nosso país. Contratam menos trabalhadores, as mulheres ganham menos que os homens, e negros raramente são efetivados”, ressaltou o dirigente do SindBancários e empregado da Caixa, Tiago Vasconcellos Pedroso.

A atual prática de gestão do Bradesco determina que, para ser contratado, o candidato tenha curso superior ou esteja cursando. “Os funcionários antigos, que foram contratados sem esta exigência, não recebem incentivo financeiro para estudar. Enquanto isso, o banco gasta milhões em publicidade para enganar a população, dizendo que é um banco completo”, destacou o diretor do SindBancários, Antônio Augusto Borges de Borges, o Guto.

Ao encerrar a manifestação, o diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Gilnei Vestfal, agradeceu a atenção de todos e convocou os bancários para unirem-se na luta iniciada pela entidade. “Denuncie, participe das ações, se associe ao seu Sindicato, porque é lá que nos unimos e juntos nos tornamos mais fortes”, afirmou.

De acordo com o SindBancários, as demissões contrariam a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O que causa maior estranheza é que 70% dos demitidos são bancários com cerca de 20 anos de serviço.

A Convenção 158 da OIT

A Convenção 158, que impede as empresas de fazerem demissões imotivadas, foi aprovada pela OIT em Genebra (Suíça) em 1982, mas o acordo foi rompido pelo governo brasileiro após o decreto 2.100, de 1996, assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Desde 2008, o texto que visa atenuar a rotatividade no mercado de trabalho aguarda no Congresso Nacional para ser ratificado.

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