Bancários protestam contra demissões de vigilantes no BB em Brasília

Presidente do Sindicato e da CUT Brasília, durante manifestação no Sede III

O edifício Sede III e a agência Central do Sede I do Banco do Brasil, no Setor Bancário Sul, foram ocupados na manhã desta segunda-feira (25) por mais de 100 trabalhadores, entre vigilantes e bancários, num grande protesto contra as demissões imotivadas deflagradas pela direção da instituição financeira nas últimas semanas.

O objetivo do ato, organizado pela CUT Brasília com o apoio dos Sindicatos dos Bancários de Brasília e do Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal (Sindesv-DF), foi também o de exigir do BB a abertura de negociação com os representantes das duas categorias para que o assunto seja discutido e as demissões sejam revertidas.

Há muito tempo, o Sindicato dos Bancários vem denunciando as demissões sem justa causa realizadas pela direção do BB. O maior banco público do país, que afirma ter responsabilidade socioambiental, demitiu, apenas na semana passada, seis bancários. Além disso, anunciou a redução nos gastos com segurança em 12% em todo o país, medida que já tirou o emprego de mais de 90 vigilantes só em Brasília – e a estimativa é que esse número ultrapasse os 200.

Segundo o presidente do Sindicato e da CUT Brasília, Rodrigo Britto, o conselho diretor do Banco do Brasil não está ouvindo a classe trabalhadora nem honrando a responsabilidade socioambiental que diz ter. “A gente está vendo o desmonte que o BB está fazendo no seu plano de cargos e na sua estrutura. Agora, está sendo irresponsável a ponto de demitir pais e mães de família, colocando em risco a vida dos seus funcionários ao mandar embora vigilantes para reduzir o investimento em segurança”, denunciou.

“Esses trabalhadores, que tantas vezes colocam sua vida em risco para preservar a segurança dos bancários, dos clientes e dos usuários, são demitidos indiscriminadamente. Enquanto isso, a direção faz de conta que não enxerga as práticas discriminatórias e de assédio moral que acontecem aqui dentro com todas as categorias de trabalhadores, seja bancário ou terceirizado. É por isso que nós, da CUT, com o apoio do Sindicato dos Bancários e do Sindicato dos Vigilantes, estamos aqui. Agora, a direção do BB certamente está nos ouvindo”, afirmou Britto, referindo-se ao apitaço realizado na portaria do prédio.

O vice-presidente do Sindicato dos Vigilantes, Paulo Quadros, destacou a necessidade de uma reunião para discutir as demissões. “Nós não sabemos o que está acontecendo de fato. Diariamente o número de demitidos aumenta e o banco não se pronuncia, não esclarece, não responde a nossas tentativas de negociação. Por isso, enquanto a direção do BB não receber nossa comissão de vigilantes e bancários, nós não vamos sair, não vamos arredar o pé daqui”, assegurou.

Ao final do ato, Rodrigo informou que estava em andamento uma reunião entre o Sindicato e o BB para agendar um encontro e discutir as demissões. A reunião ainda não tem data marcada.

Trabalhadores na luta

Os trabalhadores demitidos não são os únicos prejudicados com a onda de demissões do Banco do Brasil. Sofre também quem fica, que é obrigado a trabalhar sem segurança; e sofrem clientes e usuários que confiam seu dinheiro a um banco irresponsável, que coloca em risco a vida de todos em busca de lucro. Contra isso, os vigilantes só descansarão quando o banco tratar o assunto com a responsabilidade e seriedade devidos.

Segundo a diretora do Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv-DF), Sebastiana Santana, essa atitude mostra a falta de compromisso do banco. “Não pode ser séria uma instituição financeira que em vez de prezar pela segurança reduz custos justamente nessa área. Esperamos reverter essa situação, pois não aceitaremos a alegação do banco de que é preciso reduzir gastos com segurança”, declarou.

“Já tem algum tempo que estamos procurando a direção do banco, enviando ofícios, solicitando reuniões, e o banco não tem tido interesse em negociar. Agora, com a proximidade das Copas das Confederações e do Mundo, o risco fica ainda maior por ter mais dinheiro circulando. Como o banco espera lucrar com isso? Expondo todos? Não aceitaremos essas demissões”, afirmou Edmilson Rodrigues Silva, diretor do Sindesv-DF.

Sem bombeiros civis

Durante a manifestação, o vice-presidente do Sindesv-DF informou que recebeu nesta segunda-feira a informação de que o banco reduzirá também o quadro de bombeiros civis. Nessa área, o corte previsto é de 70%. “Será que vai acontecer nas agências e nos prédios o mesmo da tragédia do Rio Grande do Sul?”, questionou.

“Com todas essas demissões, as agências e prédios ficam à mercê. Se acontecer um incêndio, quem vai fazer a evacuação? Então, mais uma vez, peço o apoio da população, dos bancários, que se juntem a nós para que possamos evitar isso”, disse Quadros.

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