O movimento sindical bancário exige investigação e punição da governadora Yeda Crusius e mais oito acusados que integram ou integraram o seu governo. Na quarta-feira, dia 5, o Ministério Público Federal formalizou as denúncias de que o grupo teria cometido diversos crimes de improbidade administrativa. Para a surpresa dos bancários, um dos apontados pelo MPF é o vice-presidente do Banrisul, Rubens Bordini.
Na manifestação desta sexta-feira, dia 7, os bancários realizaram um protesto em frente ao edifício-sede do banco, no centro de Porto Alegre, e destacaram que a imagem do Banrisul, que completa 81 anos em setembro, não pode ser atingida pela conduta ilícita de um gestor.
“Estamos aqui pedindo a renúncia de Rubens Bordini, em respeito a todo o quadro de funcionários do banco. Além disso, queremos que todos os fatos deste escândalo de corrupção envolvendo o governo Yeda sejam esclarecidos. As denúncias são muito graves e o povo gaúcho merece que seja feita justiça”, salientou a diretora da Federação dos Bancários do RS, Denise Corrêa (foto).
O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Juberlei Baes Bacelo, lembrou que historicamente os bancários promovem manifestações em defesa do Banrisul público e a serviço dos gaúchos. “Nos orgulhamos por sermos um dos poucos estados da nação que ainda possui seu banco estatal. E nesta situação de denúncias e acusações, viemos aqui para pedir ao vice-presidente que respeite à instituição e seus funcionários, que não podem ser envolvidos neste mar de lama”, afirmou.
O secretário-geral do SindBancários e funcionário do Banrisul, Fábio Soares Alves, destacou que para ocupar um cargo de relevância dentro do banco, o candidato é submetido a diversas exigências. “Então, uma pessoa acusada de improbidade administrativa não pode continuar ocupando a vice-presidência. Estamos aqui na frente da sede para pedir em alto em bom som: Sai Rubens Bordini.”
A diretora do SindBancários, Lourdes Rossoni, também funcionária do Banrisul, ressaltou que a instituição não pode ser envolvida nas denúncias que estão nas manchetes da imprensa e também atingem a governadora Yeda Crusius. “Queremos que a direção tome a mesma decisão e afaste Bordini imediatamente. Saia enquanto as denúncias estão sendo apuradas. ”
“A saída de Rubens Bordini é a melhor decisão para que se preserve a história de 81 anos do Banrisul. O banco precisa de visibilidade e transparência e para não comprometer sua imagem, Bordini fique longe e afastado do Banrisul”, afirmou o diretor Jaílson Prodes.
“Exigimos publicamente a saída de Rubens Bordini, suspeito de fraude. O Banrisul não pode ter seu nome manchado. Precisa sair da instituição. Esta pessoa não tem condições de seguir no cargo e nem está à altura da história de 81 anos do Banrisul”, reforçou o diretor do SindBancários, Lucio Mauro Paz.
O protesto contou com a participação de dirigentes sindicais da Feeb/RS, Sindbancários e dos sindicatos do Litoral Norte, Camaquã, Horizontina e Novo Hamburgo.
Ação do MPF pede afastamento do cargo
A ação de improbidade administrativa que foi ajuizada na 3ª Vara da Justiça Federal de Santa Maria inclui nove nomes como réus. Segundo o procurador Enrico Rodrigues de Freitas, após quase um ano de trabalho e reanálise dos elementos que foram coletados na Operação Rodin, o Ministério Público Federal (MPF) sente-se com uma posição “segura e serena” para ajuizar a ação – algumas delas com foro privilegiado na esfera criminal.
Os envolvidos na ação são: a governadora Yeda Crusius, o professor Carlos Crusius, os deputados José Otávio Germano (PP), Luiz Fernando Záchia (PMDB), Frederico Antunes (PP), o ex-secretário Delson Martini, a assessora da governadora Walna Vilarins Meneses, o vice do Banrisul Rubens Bordini e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas.
Saiba mais sobre os acusados e seus supostos crimes:
Carlos Crusius, ex-marido da governadora
Professor aposentado da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Até janeiro deste ano, presidiu o Conselho de Comunicação do governo Yeda Crusius. Após um desentendimento público entre a governadora e o ex-marido, o órgão foi extinto. É diretor do Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB.
Delson Martini, ex-secretário-geral de Governo
Ex-aluno, amigo íntimo da governadora Yeda Crusius e filiado ao PSDB, o economista trabalhou com ela no Ministério do Planejamento no governo Itamar Franco. Também atuou no Grupo Hospitalar Conceição. No início do atual governo, assumiu a presidência da CEEE e, em seguida, a Secretaria-Geral de Governo.
Frederico Antunes, deputado estadual (PP)
Formado em Agronomia, iniciou a carreira política como vereador em Uruguaiana. Hoje é deputado estadual. Já presidiu a Assembleia Legislativa e o conselho administrativo da Corsan. Foi secretário de Obras no governo Germano Rigotto.
João Luiz Vargas, presidente do Tribunal de Contas do Estado
Advogado e jornalista, João Luiz Vargas iniciou sua carreira política aos 22 anos, quando foi eleito vereador em São Sepé. Em 1982, venceu as eleições para a prefeitura do município. Foi eleito deputado estadual pelo PDT em 1990 e assumiu a presidência do Tribunal de Contas do Estado em 2007.
José Otávio Germano, deputado federal do PP
José Otávio Germano é formado em Direito pela PUCRS e iniciou sua trajetória profissional em Cachoeira do Sul. Lá, atuou como advogado e professor universitário. Foi eleito vereador mais votado do município em 1988 e, dois anos mais tarde, se elegeu deputado estadual. No governo do Estado ocupou as secretarias do Transportes (1997-1998) e da Justiça e da Segurança Pública (2003-2006).
Luiz Fernando Záchia, deputado estadual do PMDB
Administrador de empresas, é natural de Porto Alegre, onde foi vereador. Ex-vice-presidente de futebol do Sport Club Internacional, elegeu-se deputado estadual. Presidiu a Assembleia Legislativa e liderou o Pacto pelo Rio Grande, projeto que buscou desenhar uma agenda mínima de consenso entre governo e oposição.
Rubens Bordini, vice do Banrisul indicado pelo PSDB
Foi aluno do casal Crusius na Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ligado ao PSDB, trabalhou no Grupo Hospitalar Conceição como assistente da direção e, depois, no Banrisul. Depois de passar por outros cargos no banco durante gestões anteriores, tornou-se vice-presidente após a posse da governadora. Foi tesoureiro das campanhas de Yeda. Foi envolvido em suspeitas de prática de caixa 2.
Yeda Crusius (PSDB), governadora do Estado
Formada em Economia pela Universidade de São Paulo, Yeda Crusius se mudou para Porto Alegre em 1970, após se casar com o também economista Carlos Augusto Crusius. Na Capital, lecionou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde ocupou cargos de chefia e coordenação, além de ter sido diretora da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS.
A carreira política de Yeda teve início em 1990, quando ingressou no PSDB. Durante o governo de Itamar Franco, em 1993, foi ministra do Planejamento. Também foi deputada. Concorreu à prefeitura de Porto Alegre duas vezes, mas não foi eleita. Em 2006, venceu as eleições para o governo do Estado.
Walna Vilarins Meneses, assessora da governadora
É assessora de confiança de Yeda Crusius há cerca de 15 anos. É reconhecida por membros da base como peça fundamental no gabinete da tucana. Está envolvida em fatos investigados pela Polícia Federal na Operação Solidária. Walna foi apresentada a Yeda em 1995, quando ela desembarcou em Brasília para cumprir seu primeiro mandato federal.
A aproximação se deu por meio de Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda morto em fevereiro. Em 2006, mudou-se para Porto Alegre com a tarefa de ajudar na administração das contas de campanha. Walna tinha uma mesa ao lado da ocupada pelo tesoureiro oficial, Rubens Bordini.