O Call Center foi o tema da negociação entre os bancários e os representantes do Santander nesta sexta-feira, dia 20, no prédio da Torre, em São Paulo. A reunião havia sido marcada no Comitê de Relações Trabalhistas (CRT). A Contraf-CUT, o Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Federação dos Bancários do RJ-ES defenderam a reversão das terceirizações no setor, com a contratação dos terceirizados.
“O banco disse que possui no Call Center cerca de 2.500 funcionários em São Paulo e outros 1.500 no Rio, que são oriundos do Real. No entanto, existem terceirizados na Tivit que executem as mesmas funções e precisam ser contratados pelo banco, a fim de que tenham igualdade de direitos e oportunidades”, destaca o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. “O Call Center poderia ser o início do processo de reversão das terceirizações no Santander”, defende.
Melhores condições de trabalho
Os dirigentes sindicais fizeram diversas propostas para melhorar as condições de trabalho dos funcionários, sinalizando com a possibilidade de construir um acordo coletivo para regrar o Call Center, como já chegou a existir no Real. O banco se comprometeu a trazer respostas em uma nova rodada agendada para o dia 13 de setembro.
Entre as demandas apresentadas está o direito de o funcionário folgar, por todo o final de semana (sábado e domingo), duas vezes por mês e que haja a divulgação da escala de trabalho com 30 dias de antecedência e a remuneração das horas extras em 100% também aos sábados.
No caso do trabalho em feriado, a folga-referente deve ser gozada em até 60 dias. Nessa situação, o funcionário deve solicitar o descanso com antecedência mínima de sete dias e a resposta do gestor deve ser dada em até 72 horas antes da folga. O gestor só poderá negar o pedido, caso as solicitações correspondam a mais de 30% do quadro, sendo que terá direito à folga quem estiver mais próximo de chegar aos 60 dias.
“Essas propostas, caso sejam implantadas pelo Santander, passariam a regrar o trabalho no Call Center. Serviriam para humanizar o setor e possibilitar ao trabalhador passar um tempo maior com seus familiares”, afirma a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Karina Prenholato. Ela explica que para cada Folga Referente pendente foi reivindicado o pagamento de 2,5 dias acrescidos dos encargos.
Os dirigentes sindicais também deixaram claro que são contrários a que os trabalhadores da área receptiva tenham de cumprir metas. No entanto, reivindicaram que, se eles venderem algum produto, têm de receber, a título de remuneração variável, o mesmo valor pago na rede de agências.
Bancários querem fim do controle da pausa para uso do toilete
Outra reivindicação apresentada pelas entidades sindicais foi em relação à aderência. Foi proposto que não poderão ser contabilizadas pausas como ida ao ambulatório, treinamento, reuniões com gestores ou para ir ao banheiro. “Não aceitamos um controle para o uso do toilete. As pessoas não podem ser controladas, pois essa situação pode até comprometer sua saúde”, acrescenta Karina.
Para o diretor da Federação dos Bancários do RJ-ES, Paulo Garcez, o banco precisa acabar com o limite para uso do banheiro. “Já está na hora de buscar uma alternativa para evitar esse controle, que é constrangedor, agride a condição humana e pode ocasionar problemas de saúde, como infecções do sistema urinário. As pessoas devem ser colocadas em primeiro lugar”, salienta.
Também foi reivindicado que haja pausas para descanso de dez minutos na primeira hora e outros dez minutos antes da última hora, como está previsto na Norma Regulamentadora (NR) 17, além de 20 minutos para alimentação dentro da jornada. Além disso, foi solicitado a instalação de uma sala de descompressão no SP2.
Direito a participar do recrutamento interno
As entidades sindicais reforçaram que os funcionários do Call Center devem ter o mesmo direito de participar do recrutamento interno para a rede de agências e, quando aprovados, não podem ser impedidos pelo gestor de assumir a vaga. Nesse caso, o Santanter reafirmou que não pode haver qualquer impedimento dos gestores para que o funcionário seja transferido para a rede.
Ainda foi cobrada uma solução para o SAC da Rua Bráulio Gomes, setor de empréstimos, onde os trabalhadores estão sobrecarregados.
Os dirigentes sindicais também denunciaram que alguns gestores do Call Center e prefeitos dos Casas estão impedindo a colocação dos comunicados do Sindicato no quadro de avisos, o que é um desrespeito ao acordo coletivo dos trabalhadores. O Santander afirmou que entrará em contato com os gestores e prefeitos para que a prática não ocorra mais.
Também participaram da negociação Rita Berlofa, Vera Marchioni, Maria Rosani e Marcelo Gonçalves, todos diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo.