Nesta quarta-feira (4), o Sindicato dos Bancários da Paraíba fez um protesto em frente à Agência Torre, do Bradesco, em João Pessoa-PB, contra a desativação dos caixas, quando deveria investir em segurança. Na última segunda-feira (2), a agência foi alvo de mais um assalto este ano. Ainda mais violento do que a investida criminosa de fevereiro, dessa vez os bandidos quebraram a porta de vidro com duas marretadas, entraram, renderam funcionários, clientes e vigilantes, praticaram o assalto e levaram um funcionário como refém, que foi liberado depois de ser espancado e ameaçado de morte por diversas vezes.
O bancário levado como refém, ficou bastante perturbado com a violência que sofreu. Mesmo assim, foi convocado para o local do crime onde deveria ser atendido por uma psicóloga. Entretanto, como sequer teve condições de falar sobre a ocorrência, foi dispensado e aconselhado a procurar tratamento psiquiátrico.
Além de não emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), o que seria uma praxe para os funcionários vítimas da violência, o Bradesco tomou uma decisão ainda mais danosa para toda a população: desativou os caixas da agência. Ou seja, que fiquem ao “deus dará” funcionários, clientes e usuários de serviços bancários.
Lucro X Insegurança X Empregos
O que interessa à direção do Bradesco é apenas lucrar. Em 2015 o Banco obteve um lucro líquido de R$ 17,19 bilhões. No mesmo período, aqui na Paraíba, foi alvo de 67 investidas criminosas, que representou 51,54% dos bancos atingidos.
O resultado do Bradesco no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 4,113 bilhões e contabiliza 19 ocorrências de violência, que representa 52,77% do total de crimes contra bancos na Paraíba no mesmo período. Isso é uma prova cabal do pouco caso e da falta de investimento em segurança.
E para piorar ainda mais o atendimento, além de desativar os caixas da agência assaltada, foram extintos 1.466 empregos, em relação ao número de funcionários em dezembro de 2015. E em um ano (de março de 2015 a março de 2016) foram 3.581 vagas a menos no segundo maior banco privado do país.
E essa busca do lucro pelo lucro, sem investir em segurança e demitindo funcionários, tem provocado consequências para toda a sociedade: os funcionários adoecem, devido à pressão e à sobrecarga de trabalho; clientes e usuários de serviços bancários ficam cada vez mais tempo nas filas; e funcionários, clientes e vigilantes ficam expostos à sanha violenta dos bandidos.
De 2011 a 2016, entre explosão, assalto, arrombamento, saidinha de banco e tentativa de assalto/arrombamento/explosão, o Bradesco sofreu 252 ataques, de um total de 548 investidas contra todos bancos que atuam na Paraíba. Isto representa 46% das ocorrências. Veja quadro abaixo.
Para o secretário geral do Sindicato dos Bancário da Paraíba, Marcelo Alves, o que o Banco vem fazendo é um absurdo. “Para garantir lucros cada vez maiores, mesmo em tempos de crise, o Banco da Cidade Deus vem tornando a vida de vigilantes, clientes e funcionários um verdadeiro inferno. E foi por isso que ontem paralisamos as atividades desta agência assaltada duas vezes este ano e hoje fizemos esse protesto contra a ganância e falta de sensibilidade da direção do Bradesco”, concluiu
Violência Contra Bancos na Paraíba – Por Bancos |
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Bancos |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
2016 |
Total |
BB |
19 |
27 |
42 |
29 |
36 |
15 |
168 |
Santander |
13 |
9 |
17 |
10 |
8 |
0 |
57 |
Bradesco |
35 |
17 |
56 |
58 |
67 |
19 |
252 |
Banco 24 Horas |
2 |
0 |
0 |
1 |
6 |
0 |
9 |
Itaú |
3 |
6 |
4 |
10 |
2 |
1 |
26 |
Caixa |
0 |
4 |
9 |
6 |
11 |
1 |
31 |
Outros Bancos |
0 |
0 |
1 |
2 |
2 |
0 |
5 |
Total |
72 |
63 |
129 |
116 |
132 |
36 |
548 |