Os cerca de 300 trabalhadores reunidos na 13ª Conferência Estadual dos Bancários do Paraná, realizada no sábado e domingo, dias 2 e 3 de julho, em Londrina, definiram os índices de reajuste salarial e das demais cláusulas econômicas. Conforme apontou a consulta feita junto às bases, o reajuste a ser reivindicado deve incluir a reposição da inflação acumulada desde a última data-base, estimada em 7,5%, mais 5% a título de aumento real de salário.
Os delegados presentes ao evento também reivindicam o valor de R$ 545,00 para os auxílios-refeição e cesta-alimentação. Todas essas proposta serão encaminhadas para a Conferência Nacional da categoria, a ser realizada nos dias 30 e 31 de julho, em São Paulo.
No caso da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a proposta aprovada na Conferência Estadual visa buscar a manutenção das regras atuais descritas na minuta para a convenção coletiva do ano passado (pagamento de 3 salários mais um valor fixo de R$ 4 mil, corrigidos pelo mesmo índice a ser aplicado nos salários este ano) e a distribuição linear de 4% do lucro líquido do banco a todos os funcionários, a título de PLR Adicional.
Para Elias Jordão, presidente da Fetec-CUT/PR e representante do Estado no Comando Nacional dos Bancários, que é responsável pelas negociações com a Fenaban, a organização estadual da categoria é a principal estratégia de mobilização para conseguir avanços na Campanha Nacional Unificada 2011.
“Nossa mobilização está muito grande, como conferimos nas micro-conferências regionais e neste evento estadual. Temos uma média de 80% de participação da categoria, com algumas regiões chegando a 90% de adesão dos trabalhadores. Estamos preparados para a `guerra´ da negociação com os banqueiros. Nosso exército está preparado e pronto para a luta. E quanto maior for nossa capacidade de mobilizar a categoria, melhor será o resultado da Campanha deste ano”, salienta Elias.
Rotatividade do emprego preocupa
O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias, informa que a rotatividade dentro da categoria também está aumentando a cada ano. “Hoje o funcionário não fica mais do que 20 a 25 anos dentro da empresa, recebendo, em média, R$ 3.638,00 por mês, quando é demitido. E o pior é que o novo colega inicia recebendo apenas um terço desse valor. Desse jeito, enquanto o número de contratações na categoria cresce, a massa salarial diminui”, observa.
Outra grande preocupação é com a saúde e a condição de trabalho dos bancários. Otávio lembra que há 10 anos “tinha uma epidemia de LER. Hoje ainda existem muitos casos entre os profissionais. Mas o que mais preocupa – esse é um número oficial – é que 50% dos colegas são afastados devido ao transtorno mental, motivado pelas metas abusivas exigidas pelos bancos, além do assédio moral sofrido no dia-a-dia”, afirma.
Emprego decente para os bancários
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, participou do primeiro dia da 13ª Conferência Estadual e destacou a busca de trabalho decente para todos os bancários como objetivo da Campanha Nacional 2011. Segundo ele, emprego decente depende de seis condições básicas para ser assegurado:
1) emprego estável, sem a rotatividade praticada atualmente pelos bancos;
2) emprego seguro, sem o risco à vida, pois hoje é maior o número de pessoas que saem mortas dos bancos do que os que se aposentaram;
3) melhores condições de trabalho, mediante o fim das pressões constantes pelo cumprimento de metas;
4) remuneração digna, mediante o recebimento de salários adequados;
5) direito à aposentadoria digna, na qual tenha direito a uma complementação suficiente para garantir sua sustentação financeira; e
6) atendimento de qualidade à população, que passa por mais contratações de empregados pelos bancos e o fim da obrigatoriedade de vender produtos nocivos à vida dos clientes.
Tudo isto, na avaliação de Carlos Cordeiro, é possível de ser alcançado com a mobilização da categoria na Campanha deste ano. “Os bancos estão num cenário de rentabilidade crescente, com um aumento anual de 30% nos seus lucros, o que faz com que no período de apenas três anos possam dobrar seu patrimônio”, observou.
Apesar disso, o presidente da Contraf-CUT acredita que a categoria terá dificuldades em obter avanços na Campanha deste ano por conta do discurso de que é preciso conter a inflação e de que os bancos devem ser comedidos nas negociações com os bancários este ano, conforme declarou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Para Carlos Cordeiro, a mobilização do ano passado demonstrou que o bancário não está satisfeito com os baixos salários recebidos e vai aderir ao movimento para mudar esta situação. De acordo com ele, em 2009, a greve da categoria atingiu cerca de 7.900 agências em todo o Pais, no ano passado este número subiu para mais de 8.300 e este ano pode ir além, porque o bancário não está contente com a atual remuneração.