Bancários param contra demissões e Santander chama polícia em Porto Alegre

Banco usa prática antissindical em vez de parar de demitir funcionários

O Santander mostrou literalmente em praça pública o que costuma fazer dentro de suas agências bancárias: usar um discurso de ameaça de violência institucional para impedir qualquer iniciativa que combata o que faz de pior aos funcionários. Durante mobilização que fechou nove agências em Porto Alegre e Gravataí, nesta terça-feira (14), a Superintendência mobilizou a Brigada Militar e ameaçou abrir agências à força para debelar uma manifestação que tornava público a prática de assédio moral, pressão por metas abusivas e ameaças de demissões.

A truculência e o uso da força de segurança pública ocorreram na agência da Praça XV, no Centro de Porto Alegre. Mas antes o talento de alguns gestores para ameaçar funcionários e assediar moralmente foi colocado em prática diante de clientes e das pessoas que passavam pela frente da agência num dos lugares mais movimentados da capital gaúcha.

Desde as 7h desta terça-feira, a agência da Praça XV e outras oito amanheceram com as fachadas cobertas por cartazes. Ficariam fechadas por todo o dia. As outras oito que mantiveram as portas fechadas foram as agências Moinhos de Ventos, na avenida Ramiro Barcelos, na avenida Farrapos, Navegantes, Partenon, Azenha e duas unidades em Gravataí.

Intimidação

Bastou os superintendentes perceberem que o movimento ficou forte para começarem a pôr em prática a estratégia de intimidação. Primeiro, obrigaram funcionários a irem para a frente das agências dizerem que estavam querendo trabalhar. Depois, chamaram a Brigada Militar.

Em frente à Praça XV, um homem que se identificou como funcionário da segurança do banco chegou a pressionar os PMs do posto de atendimento do Largo Glênio Peres para que fossem ao local e negociassem o fim da paralisação. Por volta das 13h, cinco PMs cederam à pressão e foram até a agência da Praça XV negociar com representantes sindicais que estavam ali.

Os PMs invocaram o direito de ir e vir dos trabalhadores e trabalhadoras para argumentar em favor da abertura da agência. Os representantes sindicais questionaram os trabalhadores e chegaram a ouvir que os dirigentes do banco só sairiam dali se a agência fosse aberta.

A reunião improvisada e mediada pela Brigada Militar ficou tensa. A agência não seria aberta sem uma reunião com os bancários e bancárias daquela unidade com os representantes sindicais. Os trabalhadores haviam decidido entrar e começar a trabalhar.

Os dirigentes sindicais respeitaram a decisão e explicaram, na reunião com os trabalhadores e trabalhadoras, que o banco estava usando as mesmas práticas de ameaças e de pressão que costumam usar no interior das agências escondidos pelo anonimato e pela ausência de denúncias de funcionários com medo de perder o emprego, de forma pública. Estava fazendo uma confissão daquilo que costuma negar.

Ameaças de demissões

“O Santander está ameaçando vocês de demissão e demitindo. Usa essas ameaças para impor metas abusivas e mais trabalho. O que eles fizeram aqui ao chamar a Brigada Militar é a mesma coisa. Nós, do Sindicato, não vamos deixar de ouvir vocês e de atuar para impedir esses abusos do banco. Mas precisamos que vocês denunciem e nos acionem”, disse o diretor de Comunicação do Sindicato, Everton Gimenis.

Segundo a diretora do SindBancários, Natalina Rosane Gue, além das práticas de assédio moral, da pressão por metas abusivas e das ameaças e das demissões, o Santander adotou uma figura de linguagem para ampliar as maldades. Agora, quem quiser tirar férias em janeiro e fevereiro terá que entrar no “superranking” do banco.

“Os gestores criam esses estímulos bizarros para fazer com que as pessoas se matem de tanto trabalhar para tirar férias nos meses de verão. Essa é mais uma prática perversa e ilegal que vamos combater, mantendo a nossa mobilização e disposição para a luta contra as demissões e em defesa dos direitos dos nossos colegas”, disse a dirigente sindical e funcionária do Santander.

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