Protestos contra abusos do banco privado que mais lucra no país
Os bancários paralisaram nesta sexta-feira, dia 2, durante todo o expediente, as atividades das duas agências do Itaú localizadas na avenida José Faria da Rocha na cidade de Contagem (MG). Numa delas foi instalada a “Porta do Inferno” para denunciar a situação infernal a que funcionários e clientes são submetidos pelo banco.
Durante as paralisações, o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte denunciou os abusos do banco e exigiu o fim das demissões, das metas para os caixas, do banco de horas extras (compensação) e do horário estendido implantado em diversas agências da base territorial do Sindicato.
Fim das demissões
O Sindicato exige que o Itaú pare com as demissões. Somente de janeiro a julho de 2013, já foram realizadas 172 homologações no Sindicato, o que significa redução de postos de trabalho.
Fim das metas dos caixas
Em julho deste ano, após muita negociação e pressão do movimento sindical, o Santander cedeu e comunicou aos funcionários o fim da cobrança de metas aos caixas de suas agências. O Sindicato exige que o Itaú siga o mesmo caminho e deixe de cobrar metas dos caixas.
O presidente do Sindicato, Cardoso, destacou que a conquista dos caixas não terem que cumprir meta de vendas é uma vitória da categoria, obtida com muita luta e várias greves durante as campanhas salariais.
“Quero deixar bem claro que, apesar de os caixas não terem a obrigação de vender produtos, pois lidam com valores, eles sofrem todo tipo de pressão. Mesmo assim, existem gerentes que contrariam essa conquista dos bancários e exigem a venda de produtos e o cumprimento de metas”, afirmou.
Cardoso reforçou que o Sindicato não aceita que o Itaú cobre metas dos caixas. “A única meta dos caixas é atender com qualidade os clientes e usuários do banco e o Sindicato irá à luta para garantir que o banco respeite os funcionários. Se for necessário, fecharemos agências diariamente até que o Itaú volte atrás e retire as metas de vendas de produtos”, ressaltou.
Banco de horas
O Sindicato denunciou o Itaú junto ao Ministério do Trabalho para exigir o fim da compensação de horas realizada de forma individual e o cumprimento da Cláusula 8ª da Convenção Coletiva de Trabalho 2012/2013, que prevê que as horas extraordinárias sejam pagas com adicional de 50%. Da forma como é realizado atualmente, o acordo de compensação só beneficia o banco.
Na segunda audiência, realizada na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/MG), no dia 29 de julho, o Itaú não apresentou qualquer proposta para colocar fim ao banco de compensação das horas extras. Com esta atitude do banco, a Superintendência solicitou fiscalização das unidades de trabalho.
Horário estendido
Os representantes dos trabalhadores denunciaram também a implantação do horário estendido em 22 unidades de trabalho do Itaú em Belo Horizonte. Além disso, outras cinco agências em Betim, Contagem e Sete Lagoas têm obrigado funcionários a fazer horas extras com grande frequência. A medida faz com que bancários saiam muito tarde das agências, o que gera insegurança e prejudica a qualidade de vida.
Para a funcionária do Itaú e diretora do Sindicato, Jacqueline Cardozo, o horário estendido influencia no banco de horas, já que funcionários que trabalham nas unidades que deveriam fechar às 19h acabam tendo que permanecer na agência para atender clientes que precisam utilizar os serviços bancários no final do expediente.
“O quadro reduzido de caixas para atender esses clientes e usuários que precisam dos serviços bancários para pagar suas contas e fazer outras operações no final do expediente da agência tem feito com que os funcionários cheguem a fazer horas extras até as 22h. Estas horas ficam acumuladas em um banco de horas para serem compensadas a qualquer momento, de acordo com as orientações do gerente de Suporte Operacional (GSO), mas acabam não sendo pagas conforme previsto na Convenção Coletiva dos Bancários”, ressaltou.
Já na área comercial, os bancários reclamam que não realizam negócios que justifiquem o horário estendido. Segundo denúncias de gerentes, quem procura as agências após as 16 horas é para resolver problemas que poderiam ser realizados durante o horário normal.
Para o funcionário do Itaú e diretor do Sindicato, Edmar Costa, é um absurdo o banco insistir em demitir seus funcionários. “Já são 172 postos de trabalho cortados pelo Itaú somente nestes sete primeiros meses e o banco sequer informa se houve contratação no período. Enquanto isto, o banco atinge seu objetivo de reduzir o índice de eficiência para obter mais lucros que serão distribuídos entre seus executivos, que recebem uma média anual de R$ 9,05 milhões”, denunciou.