Bancários param agências do HSBC em Porto Alegre contra demissões

Mobilização exige fim das dispensas e reintegração dos demitidos

O HSBC está fazendo, desde a última quinta-feira (6), aquilo que há de pior para a sua saúde financeira. Em vez de apostar na valorização dos funcionários, melhorar a remuneração e competir com igualdade de condições num sistema financeiro cada vez mais concorrido, o banco inglês resolveu realizar demissões em massa em todo o país.

Os bancários de Porto Alegre, durante toda esta quinta-feira (13), se integraram ao Dia Nacional de Luta contra as demissões no HSBC. Duas agências ficaram paralisadas durante todo o dia na capital gaúcha.

Dirigentes do SindBancários e da Fetrafi-RS marcaram o dia de mobilização com atos em frente à agência Passo D’Areia, na Zona Norte de Porto Alegre, e na Agência Centro. As duas agências permaneceram fechadas.

O banco já demitiu cerca de 400 trabalhadores em todo o Brasil. Há informações que as demissões podem chegar a 1 mil. No Rio Grande do Sul, 20 colegas foram dispensados até o presente momento.

“Em todo o país, várias agências estão paralisadas. Estamos enfrentando um momento muito difícil para os trabalhadores. O banco com esta política de cortes de empregos escolhe o pior caminho. Elimina postos de trabalho justamente daqueles que fazem com que o banco seja competitivo: os trabalhadores. Lutamos pelo fim das demissões, pela imediata reintegração dos colegas recentemente demitidos em todo o país e pela retomada das negociações”, explicou o diretor do SindBancários e da Fetrafi-RS e funcionário do HSBC, Lúcio Mauro Paz.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, também participou do ato na manhã desta quinta-feira. “O HSBC já vem apresentando alguns problemas. Este ano o banco teve dificuldades para pagar PLR para os trabalhadores. O lucro caiu muito. Definitivamente, demitir colegas não é a melhor saída para a crise. O banco devia contratar para se recuperar”, analisa Gimenis.

MPT pressiona

O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) realizou nesta quarta-feira (12) uma audiência de mediação entre o HSBC e o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região para tratar sobre o processo de demissões iniciado na semana passada.

Após o diálogo, o procurador Alberto Emiliano de Oliveira Neto orientou o banco inglês a suspender as dispensas e iniciar uma negociação com os representantes dos trabalhadores. Ele também estabeleceu um prazo de cinco dias consecutivos, até segunda-feira (17), para o HSBC se manifestar a respeito das providências a serem tomadas.

“O banco tem insistido em segurar dados de demissões e negar o que nós já identificamos como óbvio. A direção do HSBC deveria investir em competitividade e não eliminar postos de trabalho, fazendo o caminho inverso”, destaca o diretor do SindBancários, José Orlando Ribeiro.

Sem números completos

Segundo a assessoria jurídica do banco, foram realizadas cerca de 180 demissões em Curitiba na última semana e outras 180 no restante do país.

Além disso, no entendimento da direção do HSBC, as demissões não caracterizam dispensa coletiva, nem redução de postos de trabalho. Trata-se apenas de um processo normal de execução de desligamentos que ficaram acumulados nos meses de setembro e outubro, quando aconteciam as negociações da Campanha Nacional 20014.

O movimento sindical contesta os argumentos do banco. Uma das provas de que as demissões ocorrem em massa e com o objetivo de reduzir custos operacionais é a nova configuração operacional das agências do banco. Muitas delas já não dispõem de caixas para atendimento dos clientes.

“A preocupação com a reestruturação das agências do HSBC, com o novo modelo sem caixas, é a redução dos postos de trabalho e consequente demissão de bancários. Os clientes têm reclamado muito da precarização do atendimento. Mais um motivo para o banco reintegrar colegas que foram demitidos recentemente”, avaliou o diretor do SindBancários e funcionário do HSBC, Jorge Luis Consminski Lucas.

“Com a força da nossa mobilização, arrancamos uma negociação em São Paulo nesta quinta (13). Queremos reverter esse quadro e não descartamos a maior greve já enfrentada pelos ingleses no Brasil”, conclui Lúcio Mauro.

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