Bancários param agência do Itaú e exigem emprego e segurança em Recife

Os bancários paralisaram uma das principais agências do Itaú no Recife nesta terça, dia 12, em protesto contra as demissões e a falta de segurança. A unidade, localizada na avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, permaneceu fechada o dia todo. O protesto fez parte do Dia Nacional de Luta dos bancários do Itaú, que realizaram manifestações e paralisações em todo o país.

De acordo com secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Félix, nos últimos doze meses o Itaú vem implementando um ataque duro sobre seus funcionários, com redução de mais de 7 mil empregos no período. O dirigente sindical também denuncia a política de distribuição de renda bastante equivocada do banco, que premia exageradamente a diretoria em detrimento da maioria dos funcionários.

“O Sindicato está forte nessa luta contra as demissões no Itaú. Também em Pernambuco, estamos brigando contra os bancos pela questão da segurança bancária. E o Itaú é um dos que não cumprem a lei de segurança bancária do Recife”, esclarece Fabiano.

Já o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, que também é empregado do Itaú, fez um balanço da mobilização nacional. “A estratégia que foi montada pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú foi perfeita. Tivemos uma grande repercussão nas paralisações que foram feitas em todas as praças. Até a imprensa se interessou pelo assunto, principalmente porque a gente conseguiu colocar a denúncia das demissões para a sociedade. A mobilização foi exitosa em todo Nordeste”, comentou Rufino.

Também empregado do banco, o dirigente sindical Fábio Sales falou sobre a manifestação e explicou os motivos da escolha da agência Boa Viagem para a atividade. “Escolhemos essa agência de Boa Viagem pelo grande fluxo de clientes e de operações. Essa agência é uma das maiores do Itaú em Pernambuco e a situação está muito difícil para os funcionários, que sofrem com o quadro enxuto. Os trabalhadores não conseguem nem fazer o horário de almoço. O clima está muito ruim dentro das agências, os colegas não sabem se chegam no final do dia empregado”, diz Fábio.

Mais demissões

Enquanto as entidades sindicais se mobilizavam por todo país, o Itaú continuava demitindo. Na manhã desta terça-feira, a vítima da onda de demissões implementadas pelo banco no Recife foi um bancário da agência Casa Forte. Ele conta que chegou pela manhã para trabalhar e por volta das 10 horas o gerente o chamou para conversar e disse que ele estava desligado do banco.

“Voltei de férias ontem e hoje, quando cheguei pela manhã, bati meu ponto e abri o caixa. Por volta das 10 horas, o gerente me chamou para conversar e disse que a partir de hoje eu estava desligado do banco. Isso sem apresentar nenhum motivo plausível para mim. Só disse que era questão de performance”, relatou.

Para ele, hoje em dia o bancário precisa ser mais vendedor que um caixa ou um gerente de banco que está ali para resolver o problema do cliente. “O bancário está ali só para vender. Se você não souber vender, principalmente no Itaú, está fora. O banco cobra muito isso da gente em reuniões quase que diárias”, conta.

Ele disse ainda que a situação na agência em que trabalha está precária e que tem bancário trabalhando mais de oito horas por dia. “As duas agências de Casa Forte foram integradas e agora são uma só. O movimento está muito grande. Ontem eu saí por volta das nove horas da noite, mas soube que na sexta-feira o pessoal também saiu às nove e meia da noite. Não tem mais dia bom. O movimento é sempre muito grande e a gente faz hora extra cotidianamente”, diz.

O bancário demitido não consegue entende como um banco que lucra tanto e com tanta necessidade de pessoal está demitindo tanto. “O Itaú é o banco que mais lucra aqui no Brasil e o atendimento é péssimo. Os clientes reclamam e têm toda razão. Nós estamos sofrendo porque praticamente não temos uma condição de vida boa aqui no banco. Estamos adoecendo no Itaú. O interessante é que eu fui demitido com a agência precisando de funcionários. Só tinham quatro caixas e o chefe de serviço. É a agência muito movimentada. Eu casei recentemente e agora não sei o que vou fazer”, desabafa.

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