Bancários param agência do BB em Brasília contra desrespeito e desvalorização

Na fachada da agência Central do Banco do Brasil, no Edifício Sede I, no Setor Bancário Sul, uma única frase estampada numa faixa, exigindo do BB o cumprimento dos acordos, resume bem as razões da paralisação da dependência que os bancários promoveram na manhã desta terça-feira (18).

Essa manifestação faz parte da orientação da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, que recomendou a realização de atos e protestos em todo o país nesta quinta-feira, dia 20. A antecipação da manifestação em Brasília se deu por conta da mobilização dos vigilantes bancários, que estão em Campanha Salarial e ameaçam entrar em greve.

A paralisação da agência Central do BB, que pede a valorização e o respeito dos funcionários, é também a primeira da série de atividades que o Sindicato dos Bancários de Brasília preparou como forma de intensificar a pressão sobre a direção da empresa para ver cumpridas demandas urgentes dos bancários, como a implantação do novo plano odontológico, dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt) e dos comitês de ética para apuração dos casos de assédio moral, além da proposta de PCCS.

“Esperamos não precisar voltar mais aqui [na agência], porque, se assim for, será para fazer uma paralisação de 24 horas”, advertiu o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto, em reunião mantida com os funcionários da agência durante o protesto, sinalizando que, caso o banco insista na postura de descaso com os interesses do funcionalismo, a resposta virá à altura. “A mobilização se manterá num crescente contínuo; vai depender única e exclusivamente da direção do BB”.

Sem desculpas

“Os funcionários não aguentam mais afrontas da diretoria do BB, que segue descumprindo acordos e palavras dadas publicamente e arrastando outras negociações. Não há desculpa para tanta demora, já que o lucro do banco continua às mil maravilhas”, contesta Eduardo Araújo, diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

O lucro líquido do primeiro trimestre registrado pelo BB atinge R$ 2,35 bilhões, com um crescimento de 41,2% no comparativo com igual período do ano passado. Enquanto isso, gestores, além de cobrarem metas abusivas que elevam a lucratividade e a sobrecarga de trabalho, são orientados a fazerem cortes e adequações orçamentárias que atingem até o cafezinho em algumas unidades.

Outro exemplo perverso de suposta economia é a contratação pelo banco, após licitação, da empresa de segurança e vigilância Brasfort, que fez cortes de toda natureza, infringindo regras, reduzindo escalas de trabalho, contrariando súmulas do TST e do próprio edital de licitação do BB.

A novela para implantação do plano odontológico para os funcionários continua; uma situação que se arrasta desde a Campanha Salarial de 2008 dos bancários e até o momento ainda não foi resolvida. Vários prazos estabelecidos em acordo venceram. Nem mesmo foi cumprida a palavra dada pelo próprio presidente do banco, Aldemir Bendini, no batepapo na intranet com os funcionários, de que o plano odontológico estaria funcionando até 7 de maio passado.

O prazo para finalização de proposta para o novo Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) se aproxima. A data-limite é dia 30 de junho e até o momento nada foi apresentado para discussão. A categoria quer avanços com um debate para regras transparentes de ascensão, de comissionamentos e descomissionamentos, por exemplo. Houve a promessa, não cumprida, para contratação emergencial em final março. Agora o banco apresenta promessa para julho.

O Sindicato entende que as contratações devem ser imediatas. Os funcionários também estão de olho no prazo para pleno funcionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), que está previsto para 31 de agosto.

O banco alega problemas em virtude da trava para concurso em ano eleitoral e avisa que promoverá uma implantação parcial, dando prioridade para o quadro de engenharia do trabalho.

Os funcionários cobram agilidade na constituição dos comitês regionais de ética para apurar casos de assédio moral, que ocorrem apenas entre bancários. O Sindicato dos Bancários e o SindiServiços acabam de receber denúncias, por exemplo, de que estariam ocorrendo processos de assédio sobre terceirizados pela empresa GVB.

O prazo para os comitês também termina no dia 31 de agosto e o movimento sindical reivindica que representantes do funcionalismo sejam escolhidos em processo semelhante ao da eleição de Cipas para compor os novos órgãos.

“A intensificação da mobilização é uma demonstração de que a paciência dos funcionários está se esgotando e que o sinal está amarelo para a direção do BB”, afirma Edurdo Araújo, coordenador da Comissão de Empresa.

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