Bancários paralisam Itaú e Bradesco contra insegurança em Recife

Os bancários de Pernambuco fecharam duas agências no Recife, nesta quarta-feira, dia 21, em protesto contra a falta de segurança nos bancos. A unidade do Itaú na Encruzilhada permaneceu fechada o dia inteiro, enquanto a do Bradesco, no mesmo bairro, só voltou a funcionar no período da tarde.

A manifestação, que ocorreu simultaneamente em todo o Brasil, fez parte do Dia Nacional de Luta que os bancários e vigilantes realizaram nesta quarta.

A atividade também integrou o calendário da “Mobilização Permanente” que o Sindicato dos Bancários de Pernambuco promove, com protestos semanais.

Clique aqui para ver a galeria de fotos do protesto.

De acordo com a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, as agências do Itaú e do Bradesco foram escolhidas porque os dois bancos estão entre os mais inseguros e lideram o desrespeito das instituições financeiras com as leis de segurança bancária.

“O Itaú e o Bradesco são os principais alvos dos bandidos em Pernambuco justamente pela fragilidade com a segurança de suas agências. E o problema não é apenas aqui no estado. No Brasil inteiro, estes dois bancos estão liderando uma onda de retirada das portas de segurança, o que vai facilitar ainda mais a vida dos ladrões”, diz Jaqueline.

O secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, que representa Pernambuco no Coletivo Nacional de Segurança Bancária, explica que os bancos não têm discutido com seriedade as reivindicações dos bancários na mesa de segurança.

“Com muita luta, conseguimos transformar nossas reivindicações em diversas leis municipais de segurança, aqui em Pernambuco, mas os bancos desrespeitam a legislação. Este descaso com a vida dos clientes e funcionários resultou numa escalada de assaltos a bancos sem precedentes em nosso estado”, diz Rufino, citando que só nos dois últimos meses ocorreram 18 assaltos em Pernambuco, mesmo número registrado ao longo do ano passado inteiro.

Para Jaqueline, o descaso dos bancos com a segurança é visível até mesmo nos balanços financeiros das instituições financeiras. A presidenta do Sindicato cita uma pesquisa recente do Dieese, que aponta que os cinco maiores bancos do país investem, em média, apenas 5,2% do lucro com segurança e vigilância.

“É um absurdo. No ano passado, estes cinco bancos somaram R$ 50,7 bilhões de lucro líquido, mas relegam a segurança a um segundo plano. Todos os anos, dezenas de pessoas morrem no Brasil vítimas dos assaltos a bancos, que poderiam ser evitados facilmente”, afirma Jaqueline.

Fiscalização adiada

Marcada para esta quarta-feira, a interdição de agências do Recife foi adiada. A Prefeitura e os Procons estadual e municipal suspenderam as atividades porque a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) pediu uma reunião para a elaboração de um termo de ajustamento de conduta.

O encontro foi marcado para sexta-feira, dia 23. Já na próxima segunda-feira, dia 26, os bancos se reúnem com o Ministério Público de Pernambuco para tentar fechar um acordo em relação às leis de segurança.

De acordo com a diretora do Procon, Cleide Torres, a promotoria resolveu acatar a solicitação feita pela Febraban para priorizar a regulamentação. “Se os bancos realmente querem seguir as normas, nós damos o prazo. Afinal, o objetivo da ação não é apenas interditar, mas sim que a população seja beneficiada e atendida com qualidade”, disse.

No entanto, o adiamento do prazo não significa motivo para as instituições financeiras relaxarem. A representante do Procon garantiu que, até a próxima semana, se não houver adequação às normas, os fechamentos vão seguir adiante.

“Na sexta-feira, nós vamos nos reunir para formular o novo termo de ajustamento, que vai ser entregue ao promotor na segunda-feira. Se no dia seguinte não vermos as mudanças requisitadas, vamos prosseguir na ideia de fechar as agências”, afirmou Cleide.

A fiscalização de agências começou no dia 13 de fevereiro e detectou 26 bancos em desacordo com os requisitos básicos de segurança. O Ministério Público ingressou com uma ação civil e garantiu um mandado para o fechamento das instituições que estejam em desacordo com as leis que preveem segurança para funcionários e clientes das unidades bancárias.

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