Bancários paralisam callcenter do Itaú mesmo com pressão do banco

Daniel Reis (Sindicato) e Carlos Cordeiro (Contraf-CUT) protestam no Itaú

Os bancários fecharam nesta sexta-feira (7) os prédios do ITM e do CAT do Itaú Unibanco, bem como as contingências das ruas Fábia (Lapa) e Cláudia (Tatuapé), em São Paulo. Os complexos, responsáveis por cerca de 80% das operações de callcenter do banco em todo o país, concentram quase 10 mil funcionários. A ação contou com a participação dos Sindicatos dos Bancários de São Paulo, ABC, Campinas e Mogi das Cruzes.

“A atitude dos bancários de participarem da greve foi importante, pois é um setor que atinge em cheio as atividades do banco”, afirma Jair Alves, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú Unibanco. “A paralisação é ainda mais significativa se considerarmos as pressões feitas pela direção da empresa sobre os funcionários, utilizando helicópteros para furar a greve”, conta.

Abusos

O uso das aeronaves pelo Itaú Unibanco, além de prática antissindical, também é uma grave irregularidade, conforme denúncia feita pelo Sindicato de São Paulo. O banco não tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar pousos e decolagens do prédio do ITM, zona oeste da capital, onde funciona o Serviço de Atendimento ao Cliente da instituição financeira.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo já encaminhou denúncia contra o banco à Anac e à Defesa Civil solicitando vistoria dos órgãos competentes. “Também estamos estudando outras medidas judiciais para interromper tal irregularidade”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. Muitos bancários estão sendo obrigados a entrar nas aeronaves para ingressar nos principais centros administrativos do banco, fechados pela greve.

“Além de pressionar seus trabalhadores a furar a greve, o banco coloca suas vidas em risco, praticando pousos de helicóptero em locais em que isso não é permitido. É preciso acabar com essa prática antissindical e ilegal”, ressalta Jair.

Silêncio

Em relação ao silêncio da Fenaban, que desde o começo da greve não marcou nenhuma rodada de negociação, os trabalhadores acham que os banqueiros estão apostando no cansaço. “Mas isso não vai acontecer. Eu particularmente tenho gás suficiente para aguentar a greve por quanto tempo for necessário”, revelou uma funcionária.

Uma empregada diz que a pressão para atender e cumprir a meta é intensa. “Eles mentem ao dizer que antes de demitir fazem feedback. Aqui funciona assim: não bateu a meta fica na mira para ser demitido”, afirma.

Apelido

Jair avaliou a paralisação como positiva e espera que o banco desperte e chame os trabalhadores para negociar. “Causamos prejuízo parando setores estratégicos como teleatendimento. Esperamos que a nossa paralisação surta efeito e os banqueiros venham com proposta, caso contrário nosso movimento será intensificado”, aponta.

O diretor da Fetec-CUT/SP e funcionário do Itaú Rodrigo Pires lembrou em discurso o problema do adoecimento no local. “O ambiente é tão perverso que os próprios trabalhadores apelidaram o ITM de Instituto de Transtorno Mental”, ironizou.

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