No oitavo dia de greve nacional, nesta terça-feira (25), foi a vez dos bancários que atuam na área de call center do Santander cruzarem os braços e fortalecer a mobilização que cresce a cada dia. As concentrações SP1 (foto) e SP2 em São Paulo e no Rio de Janeiro amanheceram totalmente paralisadas.
As primeiras horas da manhã sinalizavam a tranquilidade que duraria o dia todo, pois a adesão foi total. Parte dos bancários que encontraram o prédio paralisado voltou de imediato. Na fala da maioria que passou por lá havia um consenso: “a greve é legítima, pois se não for assim não teremos conquistas”.
Foi o que explicou uma bancária, ao relembrar sua primeira passagem em uma instituição financeira, em 1984. “Desde aquela época, nunca vi os banqueiros darem aumento sem que houvesse greve. Então é preciso que seja assim, pois sem reivindicar eles não dão nada.”
Outra bancária explicou que convive com muita pressão e medo, por isso acredita que a mobilização da categoria é uma forma dos trabalhadores reivindicarem seus direitos e tentarem mudar essa realidade. “Chego até sonhar à noite em bater metas. Tenho muito medo de não alcançar e ser demitida ou não conseguir o salário necessário para cobrir minhas despesas.”
Segundo a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carmen Meireles, essas situações de assédio moral e pressão contribuíram para que os bancários aderissem à greve. “Temos trabalhado muito junto aos bancários do SP 1 e SP 2. Tentamos dialogar com eles no sentido de que somente a unidade dos trabalhadores trará conquistas e mudanças para todos. Acredito que tudo isso contribuiu para a tranquilidade da paralisação hoje”, explicou.
Ela ainda ressaltou que existe uma mesa permanente de negociação com o banco a respeito das condições de trabalho dos bancários da área de call center. “Assim que acabar a campanha salarial, retomaremos as negociações.” E acrescentou: “É importante destacar o tempo todo que somente a conscientização e participação de todos nessa luta é que resultará em uma campanha vitoriosa.”
No Rio a mobilização não foi diferente. “Aqui ninguém entrou para trabalhar no call center do Santander e todos foram embora. A adesão à greve é total”, reforça Paulo Garcez, diretor da Federação dos Bancários do Rio e Espírito Santo.
Negociação
Rita Berlofa, diretora executiva do Sindicato de São Paulo, parabenizou os bancários do SP 1 e SP 2 pela mobilização. “É essa determinação e adesão da categoria que ajudou a arrancar uma negociação. Não aceitaremos que o setor mais lucrativo do país não apresente propostas melhores de reajuste. Eles podem muito mais”, salientou.
A negociação entre o Comando Nacional e a Fenaban acontece na tarde desta terça-feira, às 16h, em São Paulo.