Na última sexta-feira, 18 de junho, os bancários paralisaram as atividades da agência BIC Banco em João Pessoa e retardaram a abertura do expediente ao público em uma hora, em protesto contra as demissões naquele banco, inclusive de um membro do Conselho Diretivo da Contraf-CUT, Paulo Raniere.
Embora fazendo um movimento pacífico e ordeiro, a diretoria do Sindicato dos Bancários da Paraíba ficou surpresa com a chegada de uma viatura da Polícita Militar, chamada ao local pelo gerente administrativo da agência, César Dias, sob a alegação de que o Sindicato estava barrando a entrada de funcionários.
“Ao sermos indagados pelos policiais, informamos que o nosso movimento era muito tranquilo e que os funcionários do BIC Banco não entraram na agência porque estavam solidários ao protesto contra as demissões naquele banco”, ressaltou Marcos Henriques, presidente do Sindicato.
Ao ser questionado pelo secretário-geral do Sindicato, Marcelo Alves, porque estava pressionando os funcionários e havia chamado a força policial para tentar impedir uma manifestação pacífica, o gerente acovardou-se e negou ter solicitado a presença da polícia militar.
Fora esse incidente, o protesto seguiu silencioso e tranquilo, até às 11h, quando os sindicalistas retiraram as faixas, os funcionários assumiram seus postos de trabalho e deram início a mais um expediente ao público.
Um dos demitidos, Paulo Raniere se disse triste por ter sido injustamente demitido, mas também de cabeça erguida pela certeza de que será readmitido. “Acredito que a Justiça não vai permitir que o poder econômico rasgue a nossa Carta Magna e passe a perseguir aqueles que lutam por melhores condições de vida e de trabalho”, concluiu.
Raniere foi demitido pelo BIC Banco no dia 30 de abril de 2010. Justamente uma sexta-feira, quando se dirigiu à agência onde era lotado, atendendo a um chamamento da administração daquela unidade. E essa não foi a primeira vez que o bancário foi demitido pelo banco.
Ele trabalhou 21 anos no Bradesco, até ser convidado para trabalhar no BIC Banco, em agosto de 2007. Ambiente tranqüilo, bom desempenho, integrado à equipe e tudo corria às mil maravilhas, até que o bancário adoeceu, em janeiro de 2009. Só que, em vez de receber o apoio do banco, este foi demitido, injusta e sumariamente.
Insatisfeito com a forma como fora tratado, o bancário recorreu à Justiça e foi reintegrado dois meses após sua absurda demissão, permanecendo sob licença médica, com ônus para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Nesse período, engajou-se no movimento sindical, sendo conduzido aos quadros da Contraf-CUT, eleito como membro do Conselho Diretivo, em abril de 2009.
Ao término da licença-saúde, o dirigente sindical se apresentou ao Bic Banco, no dia 1° de março de 2010. Entretanto, a administração da agência mandou que ele permanecesse em casa, sob a alegação de que não havia espaço físico naquela unidade para mais um funcionário.
Após dois meses em casa, o dirigente sindical vai ao Bic Banco, atendendo ao chamado da administração da agência João Pessoa e, em vez de reassumir suas funções é demitido mais uma vez. Naquele momento, a direção do BIC Banco acabara de rasgar o Art. 8° da Constituição Federal, que garante a estabilidade aos dirigentes sindicais.
“Vamos continuar os protestos até que cessem as demissões no Bic Banco, bem como seja assegurado o cumprimento da Constituição Federal e respeitada a estabilidade dos dirigentes sindicais. Nossa luta é contra a arrogância e a intransigência”, concluiu Marcos Henriques.