O Santander e o Real foram alvo nesta quinta-feira, dia 14, de atividades do Dia Nacional de Luta, com paralisações-relâmpago em duas agências localizadas na avenida Sete de Setembro, no centro de Porto Alegre. As manifestações ocorreram entre 10h30 e 11h30.
Os trabalhadores defenderam os empregos e direitos dos cerca de 54 mil funcionários das duas instituições em todo o País. A categoria exige a abertura imediata de negociações com o presidente do Santander no Brasil, Fábio Barbosa, para discutir a situação dos trabalhadores durante o processo de fusão. Uma carta foi encaminhada pelas entidades sindicais no final de julho, mas nenhuma reunião foi agendada até agora.
“Conhecemos como ocorrem os processos de fusões, sempre com demissões e desrespeito aos direitos dos trabalhadores. Por isso, essa manifestação em nível nacional visa forçar a abertura de negociações para mudar os rumos dessa história”, destacou o diretor de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários) e funcionário do Santander, Ademir Wiederkehr.
“Os bancos estrangeiros estão invadindo o país e concentrando o capital. Reduzem empregos, retiram o crédito da sociedade e expropriam os lucros para o exterior”, avaliou o secretário-geral do SindBancários, Fabio Soares Alves, o Fabinho.
“Estamos neste ato para protestar contra as demissões imotivadas e exigir a garantia do emprego aos colegas do Santander e Real. Queremos um canal de negociação com o presidente Fabio Barbosa, mas até agora ele permanece em silêncio”, acrescentou a diretora do SindBancários e funcionária do ABN/Real, Natalina Gué.
Além dos bancários, há trabalhadores que prestam serviços, como vigilantes, pessoal de limpeza e conservação, da área de tecnologia e seguros, operadores de call centers, além de terceirizados e estagiários. A redução de postos de trabalho agravaria o nível de emprego e o quadro de exclusão social.
.: Barbosa nega planos de demissões
Na quarta-feira, dia 13, durante a divulgação do relatório social de 2007 da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), comandada também por Fabio Barbosa, o executivo disse que o processo de integração no País dos ativos da instituição com os do Banco Real, adquiridos no ano passado, será longo, gradual e não há planos atuais do banco espanhol em trocar a marca do Real pela do Santander e implantar um programa de demissão voluntária.
“Não existem planos de demissão para os funcionários do Real nem da Aymoré (financeira do banco).” Até a conclusão do processo de consolidação, as companhias continuarão independentes no que diz respeito ao atendimento ao cliente. “Nada muda para os clientes, que continuarão a ser atendidos pelas suas estruturas atuais. O que mudou é que os bancos hoje têm o mesmo acionista” , afirmou Barbosa.
Os detalhes da integração dos bancos no Brasil serão apresentados no final de outubro e o processo deverá durar cerca de três anos e gerar ganhos em torno de US$ 766 milhões até 2010, quando o grupo espanhol projeta um lucro de US$ 3,78 bilhões no País.
Juntos, Santander e Real têm mais de 55 mil funcionários, 8 milhões de correntistas e 500 mil clientes empresas no Brasil, segundo informou o banco espanhol. Com a integração, passa de um percentual entre 4% e 7% do mercado brasileiro, em ativos e depósitos, para algo entre 12% e 13%.
A instituição também passa a ser a terceira maior do País em número de agências e postos de atendimento bancário, com 3.972, atrás apenas do Banco do Brasil (5.205) e do Bradesco (4.064) e à frente do Banco Itaú Holding Financeira, com 3.383.
Em Porto Alegre, o Santander possui 27 agências com aproximadamente 500 funcionários, enquanto o ABN Real tem 13 agências com quase 400 empregados.