Os bancários paralisaram pelo menos 239 agências do Itaú Unibanco em todo país, durante o Dia Nacional de Luta realizado nesta terça-feira (12), em protesto contra milhares de demissões no banco. O levantamento foi concluído às 19h30 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com base nas informações de sindicatos e federações.
Houve agências fechadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador, Maceió, Recife, Cuiabá, Campo Grande, João Pessoa, Belém, Rio Branco, Boa Vista e Macapá, dentre outras capitais, além de dezenas de cidades no interior dos estados. Os bancários distribuíram o jornal especial da Contraf-CUT.
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“Foi uma paralisação de advertência, com objetivo de abrir negociações com a direção do Itaú para suspender as dispensas, que são totalmente injustificáveis diante dos lucros recordes do banco”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “Se o banco não negociar, os protestos irão aumentar”, avisa.
Segundo dados do Dieese, com base nos balanços do banco, o Itaú lucrou R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, porém fechou 1.964 postos de trabalho, uma redução de 7,4% em relação ao mesmo período de 2011, o que acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses.
Para Carlos Cordeiro, “as demissões revelam o lado nefasto do processo de fusão entre Itaú e Unibanco e a política antissocial da rotatividade de mão de obra. O banco manda embora funcionários antigos com salários maiores e contrata novos pagando bem menos, na lógica perversa do lucro fácil, em vez de valorizar os trabalhadores e contribuir para o desenvolvimento econômico do país”, revela.
Segundo a Pesquisa do Emprego Bancário, feita pela Contraf-CUT e Dieese, com dados do Caged, a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.430,57 em 2011, enquanto que a dos desligados foide R$ 4.110,26, uma diferença de 40,87%. No ano anterior, a diferença era de 37,60%.
Os bancários também protestaram contra os bônus dos executivos. Enquanto pratica demissões em massa, o Itaú pagou R$ 7,45 milhões por diretor em 2011. Com isso, é o único banco que aparece na lista das dez empresas com maior gasto médio por diretor, conforme levantamento do jornal Valor Econômico publicado no dia 31 de maio.
O ranking foi feito com os maiores gastos médios dentro de cada diretoria, com base na documentação apresentada por 206 companhias abertas brasileiras junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Essa imensa remuneração anual de um diretor do Itaú supera 208 vezes o ganho de um bancário que recebeu ao longo do ano o piso da categoria em 2011, segundo cálculo do Dieese. “É uma tremenda injustiça e revela falta de responsabilidade social e de compromisso com o desenvolvimento econômico do país com distribuição de renda e inclusão social”, conclui Carlos Cordeiro.