Na manhã de sexta-feira (05), dois grandes jornais do Rio de Janeiro – O Globo e JB – deram destaque ao estudo divulgado pelo Dieese que aponta queda no número de categorias que conquistaram aumento real no primeiro semestre de 2007 em relação aos anos anteriores.
Em entrevista publicada pela Folha de São Paulo de 31 de agosto (domingo), Fábio Barbosa, presidente do grupo Santander-Real e da Febraban, fez a costura que anuncia negociações duras quanto às cláusulas econômicas reivindicadas pelos bancários. Repetindo a cantilena da elite, o executivo colocou o aumento da inflação como con-seqüência dos reajustes salariais. “A inflação está mostrando sinais de desaceleração, o que é muito bom. Estamos vivendo agora uma época de reajustes salariais e é importante que eles não contaminem a economia e dificultem esse processo de desaceleração de preços”, declarou Barbosa.
Mas o entendimento do Movimento Sindical e dos economistas pró-trabalhadores não é este. Nestes segmentos, prevalece a tese de que é preciso dividir o bolo. A economia brasileira vem crescendo, a produção industrial e agrícola bate recordes, e quem produz esta riqueza tem direito a usufruir dela. “Os trabalhadores precisam fazer parte do crescimento econômico. Não adianta só a economia crescer, é importante distribuir renda. E isso se faz com aumento real”, defende Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf/CUT.
Em períodos de crise econômica aguda, a luta dos trabalhadores era pela recomposição do poder de compra. Agora, com o crescimento, a mobilização é necessária para ampliá-lo. No segundo semestre, três categorias com força política e numérica negociam seus reajustes: bancários, petroleiros e metalúrgicos. O recado que os cadernos de economia estão transmitindo é claro: com inflação alta, é mais difícil as empresas concederem aumento real e é bom que os trabalhadores se conformem com reajustes modestos. Mas os dirigentes do Movimento Sindical Bancário não estão dispostos a entregar os pontos.
“A produtividade da economia é maior que a inflação e isso só vai para o capital. Mesmo com o repique da inflação, só vamos fechar acordo com os banqueiros se houver aumento do poder de compra do bancário. O PIB do setor financeiro cresce muito mais que a média nacional. Nós defendemos que se faça distribuição desta riqueza através do aumento real dos salários. E uma conquista deste tamanho não vem sem mobilização. Por isso, é preciso que os bancários estejam preparados para ir à luta e construir uma greve forte”, convoca Carlos Cordeiro.