14ª Conferência Estadual ocorreu no Hotel Embaixador, em Porto Alegre
A 14ª Conferência Estadual dos Bancários foi realizada no sábado (7) e no domingo (8), no Hotel Embaixador, em Porto Alegre, que contou com a participação de 497 delegados e delegadas. A principal deliberação da plenária final foi o índice de reajuste salarial de 15% que será levado para a 14ª Conferência Nacional, que ocorre de 20 a 22 de julho, em Curitiba, quando será aprovado o percentual definitivo a ser negociado, junto com as demais reivindicações da categoria, com os banqueiros.
Foi rejeitada a proposta de contratação da remuneração variável, na perspectiva de lutar por um salário digno, sem vinculação às metas para evitar situações que levem à sobrecarga de trabalho, assédio moral ou outras formas de violência organizacional que causem o adoecimento dos trabalhadores.
A maioria dos bancários também deliberou pela não renovação da cláusula de conflitos no ambiente de trabalho, pela instalação de comissões de ética nos sindicatos, com o objetivo de analisar todos os casos de violência organizacional, e pelo fim das metas nos bancos, dentre outras propostas.
Os participantes aprovaram por unanimidade que todo trabalho fora da jornada deve ser remunerado como hora extra, inclusive à distância com uso de meios eletrônicos. Também definiram a realização de uma campanha pelo fim do fator previdenciário e a não imposição de idade mínima para a aposentadorria.
Houve ainda análise da conjuntura econômica nacional e estadual pelo Dieese e uma palestra sobre os bancos públicos e o sistema financeiro.
Bancos continuam lucrando
A mesa de abertura da 14ª Conferência Estadual foi formada por diretores da Fetrafi-RS e da Contraf-CUT, que apontaram os lucros crescentes do sistema financeiro, as expectativas da categoria e os desafios da conjuntura.
“Apesar da crise internacional, nossos patrões continuam lucrando muito. Além de lutar por salários mais justos, precisamos continuar combatendo, sem tréguas, o assédio moral, defender intransigentemente o emprego e, mais do que nunca, discutir o sistema financeiro brasileiro”, destacou o diretor de Formação da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha.
O diretor da Fetrafi-RS, Ronaldo Zeni, salientou o atual momento emblemático de evolução da luta dos trabalhadores. “Temos a obrigação de pautar o tema do sistema financeiro na sociedade brasileira e aproveitar o momento para fazer desta campanha mais do que uma campanha salarial. Devemos ir às ruas para discutir com a sociedade, pois o trabalho precisa ser valorizado para se reverter em benefício a todos os trabalhadores”.
A diretora da Mulher Trabalhadora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa, ressaltou a trajetória do movimento bancário. “Estamos fazendo história diante desse sistema financeiro desigual, que deve muito à classe trabalhadora e à sociedade como um todo”.
O diretor de Finanças da Fetrafi-RS, Devanir Camargo da Silva , ressaltou que os bancários precisam avançar ainda mais nas condições de trabalho. “Constituímos uma das categorias que mais adoece. Temos clareza de que não vamos resolver isso somente na campanha salarial, mas através da defesa permanente de melhores condições de trabalho. Esse é o nosso desafio”.
O secretário de Imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, lembrou os 20 anos da convenção coletiva de trabalho e destacou a organização da campanha nacional. “Estamos fazendo vários eventos em todo país para organizar a campanha e, assim, construímos democraticamente uma campanha que fortalece a unidade nacional”.
O secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Antonio Pirotti, disse que a campanha é um processo aberto e plural. “É um exercício de democracia. Não é de graça que os bancários são a única categoria que tem uma convenção coletiva nacional. Estamos num período de acúmulo de vitórias e conquistas” finalizou.
Era da Democracia
Durante a abertura da 14ª Conferência Estadual, ocorreu o lançamento da revista “A Era da Democracia”, publicação que resgata os 20 anos de história dos congressos da Fetrafi-RS, com edição da Verdeperto Comunicação, a partir das resoluções dos 10 congressos promovidos pela Federação.
O primeiro congresso estadual ocorreu em 1992, contando com a participação de 22 sindicatos e 216 delegados e delegadas, que elegeram os dirigentes para a gestão da entidade através de votação direta. Antes, os presidentes de cada sindicato votavam a direção da entidade.
A jornalista Zaira Machado, que coordenou a edição da revista, destacou que a história dos bancários está diretamente ligada aos principais acontecimentos políticos que ocorreram no país. “A análise das resoluções dos congressos mostra como a conjuntura é dinâmica e as formas como a categoria bancária, através de sua organização, incidiu nestas mudanças. A história prova que temos que ser criativos nas maneiras de lutar, além de termos um olhar para dentro e um olhar para fora do movimento. Ao longo destes 20 anos, os bancários tiveram sua história vinculada às lutas gerais dos trabalhadores, por direitos e conquistas”, destaca.
De acordo com o diretor de Comunicação da Fetrafi-RS, Jorge Vieira, o objetivo da revista é garantir o registro histórico da organização sindical bancária no Rio Grande do Sul. “Os congressos acompanharam a evolução da categoria, os desafios que foram surgindo com as transformações do mundo do trabalho e influenciaram o sistema financeiro. Nosso objetivo é garantir que essa bela história de organização política e sindical esteja sempre presente nas lutas dos bancários e bancárias, que ajudaram e ajudam a construir a Fetrafi-RS”, enfatiza.
Minuto de silêncio
Ao final da mesa de abertura, Jorge lembrou dos inúmeros bancários que sucumbiram ao longo dos últimos vinte anos devido à falta de condições de trabalho e até mesmo durante atividades de luta da categoria. Ele pediu um minuto de silêncio aos participantes da plenária, em homenagem a esses trabalhadores e salientou a importância da conferência equilibrar o debate sobre as reivindicações econômicas e por condições de trabalho.
A morte recente de três bancários chocou a categoria ao longo das últimas semanas. Duas bancárias com 28 e 34 anos, do Itaú e Banrisul, respectivamente, foram vítimas de infarto fulminante na base do Sindicato de Bagé. Já na semana passada um empregado da Caixa morreu de maneira trágica no local de trabalho, em Porto Alegre.