Bancários fecham agência Itaú no Dia Nacional de Luta em Piracicaba

Trabalhadores protestam contra demissões e rotatividade

Os bancários paralisaram nesta terça-feira, dia 12, a agência do Itaú da avenida Dois Córregos, no Bairro Piracicamirim, em Piracicaba. A ação integrou o Dia Nacional de Luta, ocorrido em todo país, como forma de protesto contra a jogada desleal das demissões, a rotatividade e a retranca do banco na hora de valorizar os funcionários, enquanto paga milhões de reais para o alto escalão.

O Sindicato dos Bancários de Piracicaba já contabiliza 67 demissões do Itaú, sendo 22 delas até maio de 2012. Além das demissões, os bancários são constantemente vítimas de assédio moral por parte de seus gestores, que não possuem capacidade de relacionamento interpessoal e que não promovem um clima saudável dentro do ambiente de trabalho.

Essa paralisação, promovida pela Contraf-CUT, federações e sindicatos de todo país, denuncia também que a campanha de marketing “Vamos jogar bola” esconde a verdadeira face do banco. Quem vê a propaganda do banco não imagina a dura realidade vivida pelos bancários.

“Na contramão dos resultados positivos, o Itaú demite sem motivos, o que mostra a falta de compromisso do banco com seus funcionários. Onde está o conceito de sustentabilidade da instituição financeira? Sustentabilidade deve começar dentro de casa, com uma postura racional e clara, com a valorização dos trabalhadores”, ressalta o dirigente sindical Ubiratan Campos do Amaral.

Corte de 7.728 empregos em um ano

Mesmo com o lucro líquido de R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o Itaú fechou 1.964 postos de trabalho, uma redução de 7,4% em relação ao mesmo período de 2011, o que acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses. É um processo de demissões em massa, o que é uma vergonha para o banco que vive batendo recordes de lucros no Brasil e quer ampliar a sua atuação na América Latina.

Para dirigente sindical Marcelo Abrahão, as demissões revelam como o Itaú pisa na bola com essa política antissocial da rotatividade de mão de obra. “As demissões têm ocorrido desde 2008, ano da fusão com o Unibanco, e afetam, principalmente, funcionários com mais tempo de banco – que tem salários maiores – bancários com deficiência – que entraram por meio da política de cotas para PCD, determinada por lei – e trabalhadores em acompanhamento médico”, explica.

Segundo a Pesquisa do Emprego Bancário, feita pela Contraf-CUT e Dieese, com dados do Caged, a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.430,57 em 2011, enquanto que a dos desligados foi de R$ 4.110,26, uma diferença de 40,87%. No ano anterior, a diferença era de 37,60%. “Só quem ganha com a rotatividade é o banco e quem perde são os bancários e a sociedade brasileira”, aponta o dirigente sindical.

Diretor do Itaú ganha 280 vezes a mais do que quem recebe piso

Enquanto pratica demissões em massa, o Itaú pagou R$ 7,45 milhões por diretor em 2011. Com isso, a instituição é o único banco que aparece na lista das dez empresas com maior gasto médio por diretor, conforme levantamento do jornal Valor Econômico publicado no dia 31 de maio.

O ranking foi feito com os maiores gastos médios dentro de cada diretoria, com base na documentação apresentada por 206 companhias abertas brasileiras junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, critica a discriminação do Itaú. “Enquanto economiza bilhões de reais com a política de rotatividade, o banco paga milhões de reais para um punhado de diretores”.

Essa imensa remuneração anual de um diretor do Itaú supera 208 vezes o ganho de um bancário que recebeu ao longo do ano passado o piso da categoria, segundo cálculo do Dieese. “É uma tremenda injustiça e revela falta de responsabilidade social e de compromisso com o desenvolvimento econômico do país com distribuição de renda e inclusão social”, enfatiza Cordeiro.

“Está na hora de o Itaú parar com esse jogo violento das demissões e negociar com seriedade uma política de emprego, contrapartidas sociais e valorização dos trabalhadores do banco”, conclui o dirigente da Contraf-CUT.

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