A troca de presidente do Santander Brasil, anunciada na quarta-feira (22), deve ser aproveitada pelo banco para desenvolver posturas de mais respeito em relação ao trabalhador brasileiro, além de amadurecer suas relações com as entidades sindicais. A avaliação é da diretora do Sindicato dos Bancários e funcionária do Santander Brasil, Rita Berlofa, que considera graves e injustificáveis que haja diferenças na maneira como a empresa trata seus funcionários na Espanha e nos demais países da Europa, em relação aos do Brasil e da América Latina.
A direção mundial do Santander anunciou que o atual presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, vai deixar o cargo e assumir a presidência do Conselho de Administração do banco. Em seu lugar, assumirá o atual diretor geral do grupo Santander, o espanhol Marcial Portela.
“Os trabalhadores (do Santander Brasil) esperam que o novo presidente reconheça quem são os verdadeiros responsáveis pelos resultados grandiosos que o banco vem registrando no país e que passe a adotar práticas que propiciem o diálogo e o entendimento”, disse Rita.
A dirigente sindical aponta que há “um verdadeiro abismo” entre as relações de trabalho estabelecidas pelo Santander na Europa e nos países latino-americanos, em especial o Brasil. “O banco avalia que a América será responsável por cerca de 45% do resultado (que será positivo) apurado em 2010, mas nossos trabalhadores são tratados de forma incompatível com o lucro que produzem”, completa.
Para Rita Berlofa, a troca de presidentes no Santander Brasil é motivado pela crise financeira em que boa parte do continente europeu se encontra atualmente. “O Brasil é o ‘país do momento’, a Espanha está com sérios problemas econômicos e, portanto, se antes éramos a joia da coroa, hoje somos o próprio reinado”, ilustra. “E com essa expectativa, o (Emilio) Botin (presidente mundial do Santander) pode ter manobrado para nomear o Portela, que é espanhol e pessoa muito próxima a ele.”