Munidos de apitos, buzinas, máscaras dos personagens da Superliga e esperança de reconhecimento pelo trabalho feito diariamente nas instituições financeiras, mais de mil bancários saíram em passeata pela Avenida Paulista, em São Paulo. Caminharam pacificamente pela calçada, mostrando preocupação com a população e provando que é possível fazer um grande ato de maneira organizada.
Funcionários de instituições públicas e privadas partiram da Praça Osvaldo Cruz, na tarde desse segundo dia de greve (25), decididos a não trabalhar para os banqueiros, mas por eles mesmos, fazendo barulho pelas reivindicações até hoje não atendidas pelos patrões.
Bandeiras, faixas e a bateria da escola de samba Águia de Ouro chamavam a atenção da população. Nos números, a prova da insatisfação com os banqueiros: 34.500 bancários parados em São Paulo, Osasco e região em 728 locais de trabalho.
O presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, comandando o carro de som, comunicava aos cidadãos o motivo do protesto: aumento real, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) maior, melhores condições de trabalho, preservação dos empregos.
Durante o trajeto, a secretária-geral do Sindicato, Juvandia Moreira, reforçou a preocupação da categoria bancária com a população: “Esta greve também é de toda população, por menos filas, mais funcionários nos bancos, mais segurança para os clientes”, disse a dirigente.
Sobre a organização dos dois dias de greve, um relato do major da Polícia Militar responsável pela região da Paulista: “Nenhuma ocorrência foi registrada. O Sindicato soube fechar as agências apenas com diálogo e organização”. A afirmação reforça o absurdo da reunião realizada entre a Fenaban e a Polícia Militar para tentar coibir o direito de luta dos trabalhadores.
Sua história
Um bancário, que trabalha em agência do Santander na região da Paulista há dois anos, foi à assembléia na quarta-feira rejeitar a proposta rebaixada da federação dos bancos e votar pela greve. Na hora da concentração na Praça Osvaldo Cruz ele estava lá, fortalecendo a ação. “Achei a proposta dos banqueiros ridícula. Agora, estou na expectativa por aumento real e novidades na PLR”, disse.
“A proposta dos banqueiros é patética. Não é fácil fazer greve, mas saímos da agência e viemos até aqui lutar pelo que merecemos”, disse uma bancária da Caixa Federal. Um outro trabalhador, também da Caixa, disse perceber uma união mais forte. “Este ano está diferente. E a organização (dos protestos) está muito boa”, concluiu.
Ao final do percurso, os bancários se concentraram em frente à matriz do Real, escritório do presidente da Fenaban, Fábio Barbosa. A bancária da Caixa, entrevistada ainda na concentração do protesto, estava contente com a passeata: “Todos mobilizados, tudo bem organizado, gostei bastante. Como eu disse, não é fácil fazer greve, é cansativo, mas é nosso direito de luta e se não há um aumento justo, a greve continua”.