A retomada da política de extinção e de privatizações de estatais pelo governo do Estado do Paraná mobilizou os bancários no 16º dia da greve para defender o Banrisul público. Os bancários responderam com participação e luta durante o Ato Estadual em Defesa do Banrisul, na manhã desta quarta-feira, 21/10. A movimentação começou em frente ao prédio da Direção Geral (DG) do Banrisul, na Caldas Junior, com apitaço e chamamento dos colegas a participarem da mobilização. Ao meio-dia, começou caminhada até a Praça da Matriz. Os grevistas então entregaram o Dossiê Banrisul, documento do Dieese sobre a história e a importância da manutenção do Banrisul público, no Palácio Piratini e na Assembleia Legislativa.
O ato também contou com a participação de representantes da Frente em Defesa do Patrimônio Público, que, além do Banrisul, luta contra a ameaça de privatização pelo Governo do Estado da Corsan, CEEE e outras empresas e fundações. “O sinal vermelho ficou mais forte para nós depois que o governador Sartori recebeu na semana passada, juntamente com o presidente do Banrisul, a visita do presidente do Santander no Brasil”, disse a diretora de comunicação do SindBancários, Ana Guimaraens.
“Os bancários e a população gaúcha exigem saber o que o governador tem a tratar a portas fechadas com os banqueiros do Santander sobre o Banrisul”, completou o secretário-geral do Sindicato, Luciano Fetzner.
Banqueiros espanhóis
Aliás, a presença dos banqueiros espanhóis, no Palácio Piratini, com o governador e a presidência do Banrisul, na quarta-feira, 14/10, também foi discutida pela comissão dos bancários grevistas no encontro com o secretário adjunto da Casa Civil. José Guilherme Kliemann reconheceu que o governo tem feito e fará movimentos de “mudança na administração de estatais”. Mas ele negou que o Banrisul será privatizado. “Isto não é conversado nem é pauta dentro do governo estadual”, afirmou. O secretário disse também que a notícia “ganhou uma dimensão que ela não tem”. Só não explicou, porém, o motivo da reunião entre a presidência do Santander com o Banrisul.
Além dos diretores Luciano Fetzner e Ana Guimaraens do SindBancários, participaram da entrega do Dossiê Banrisul ao governo os diretores da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Correia e Carlos Augusto Rocha e os diretores da CUT-RS, Ademir Wiederkehr e Letícia Raddatz.
Durante o ato em frente ao Palácio Piratini, o Dossiê foi recebido também pelo deputado Juliano Roso (PC do B), que garantiu: “Nossa bancada é uma trincheira em defesa do patrimônio público do RS”. Em seguida, uma comissão de deputados de oposição ao governo estadual recepcionou os sindicalistas em frente à Assembleia Legislativa.
Falando em nome dos colegas de bancada, o deputado petista Luis Fernando Mainardi recordou: “Gostaríamos que o assunto privatização não mais estivesse na pauta do estado, desde o governo Antonio Britto. Mas o atual governo também é a favor da redução das funções públicas e acha que o Banrisul estadual prejudica os negócios. Ele conseguiu aumentar o ICMS e agora procura vender o Banrisul – mas a sociedade gaúcha não vai deixar isso acontecer”. Também participaram do ato os deputados Adão Villaverde, Zé Nunes, Jefferson Fernandes e Tarcísio Zimmerman.
Pedro Ruas, do PSoL, disse que “o governo Sartori é cruel, e quer fazer a população e os servidores públicos sofrerem para criar o caos no Estado e tentar aprovar suas medidas”. Mas garantiu: “Aqui dentro da Assembleia ele não vai encontrar facilidades para vender o patrimônio público”. Também o deputado Júnior Piaia (PC do B) e a vereadora Fernanda Melchiona (PSoL) receberam o documento do SindBancários em defesa do banco de todos os gaúchos e gaúchas, que foi encaminhado ainda à deputada Juliana Brizola, do PDT.
Frente em Defesa do Patrimônio Público
A entrega do Dossiê Banrisul também teve a participação da Frente em Defesa do Patrimônio Público. Marco Brasil, diretor administrativo do Sindiágua, lembrou que a Corsan é outra das estatais que há muito estão na mira da privatização. “Estamos junto nessa luta e levando o debate para todo o Estado. A água é um bem fundamental à vida e não pode ter dono”, afirmou.
Para a vice-presidente do Senergisul, Ana Maria Spadari, levar o debate à Assembleia Legislativa é extremamente importante. “Os deputados têm que assumir sua posição sobre a tentativa de privatização deste governo.” Segundo ela, também é fundamental envolver os legislativos municipais na defesa das empresas estatais. “Já estivemos nas câmaras municipais de Porto Alegre, Gravataí, Pelotas e Santa Vitória do Palmar entre outras, fazendo audiências públicas sobre o tema. Os vereadores precisam entender o papel estratégico das estatais para o Estado, fazendo moções e encaminhando ao governo do Estado”, arrematou.