Bancários e Santander iniciam negociações específicas para aditivo nesta sexta

As entidades sindicais e o Grupo Santander Brasil realizam nesta sexta-feira, dia 18, às 15h, a primeira rodada de negociações para firmar um aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho 2009/2010. A reunião ocorre no prédio do Real (Av. Paulista, 1374 – 3º andar – sala 5), em São Paulo. A minuta específica de reivindicações, junto com a proposta para o acordo do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2009, foi entregue no dia 1º de setembro para o banco espanhol.

Antes, às 10h, as Comissões de Organização dos Empregados (COE) do Santander e do Real se encontram na sede da Contraf-CUT para definir as estratégias dos bancários. As negociações com o Santander começam um dia após a quinta rodada entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban.

“Neste processo de fusão, queremos manter e unificar direitos e conquistas, conforme as condições mais vantajosas para os trabalhadores, bem como garantir proteção aos empregos e melhoras as condições de trabalho”, defen de o funcionário do Santander e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Mais uma prática antisindical

Enquanto os bancários apostam no processo negocial, o Santander foi o primeiro banco a procurar a Justiça para tentar impedir o direito constitucional de greve dos trabalhadores. Em mais uma prática antissindical e antidemocrática, o banco conseguiu um interdito proibitório, em São Paulo, que impede qualquer manifestação na porta das agências.

Conforme despacho da juíza Mylene Pereira Ramos, da 63ª Vara do Trabalho de São Paulo, o Sindicato terá de pagar R$ 90 mil para cada unidade do Santander em que houver manifestação. O banco também está autorizado a usar a polícia para conter os bancários.

Para o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, a atitude do Santander é um retrocesso nas relações trabalhistas e vai na contramão dos compromissos com o diálogo manifestados pelo presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, durante recente encontro com dirigentes sindicais, e pelo presidente mundial Emílio Botín..

“Infelizmente não há o mesmo objetivo do outro lado que, além de empurrar os bancários para a greve, ainda tenta impedir o direito legítimo dos trabalhadores, garantido pela Constituição Federal. E o pior é que as negociações da Campanha Nacional dos Bancários ainda estão em andamento, ou seja, o banco deveria apostar no diálogo e não na Justiça”, ressalta.

Marcolino destaca que o interdito proibitório é um instrumento jurídico que serve para retomar a posse de propriedade e é utilizado geralmente em disputas rurais. Na greve dos bancários nunca houve ocupação de posse dos estabelecimentos dos bancos.

Greve é direito do trabalhador

A funcionária do Santander e diretora do Sindicato, Rita Berlofa, lembra que a greve é um direito que o trabalhador tem garantido na Constituição Federal. “É a forma que temos de enfrentar o poder econômico, de reagirmos contra quem tem condições de dizer não a todas as reivindicações dos trabalhadores”, comenta.

Para Rita, em vez de entrar na Justiça o banco deveria se preocupar em atender as demandas dos bancários em mesa de negociação. “Aliás, a Fenaban ficou de apresentar uma proposta nesta semana e a atitude do Santander revela que o banco já está considerando que ela não é boa e que será rejeitada pelos bancários. Isso é muito ruim, principalmente porque o presidente do Santander é justamente o presidente da Fenaban, Fábio Barbosa”, diz.

A dirigente sindical comenta que o Santander tem reafirmado que aposta no diálogo e no respeito com o movimento sindical e que esse discurso tem de passar para a prática. “Mas, o que temos assistido, é que todos os anos a Fenaban tem empurrado os bancários para a greve para, só depois, atender nossas reivindicações”, ressalta.

Retrocessos

Essa já é a segunda prática antissindical do Santander Brasil em menos de dez dias. No dia 31 de agosto, um dia antes dos bancários entregarem sua pauta de reivindicações específicas, o banco distribuiu um comunicado exigindo que os empregados registrassem “imediatamente” no portal corporativo as manifestações sindicais que ocorrerem nas agências.

Em caso de paralisação, a direção do Santander pede para que o bancário “contate imediatamente o seu gerente regional de atendimento, ou assistente da regional, para que ele possa cadastrar a ocorrência no portal”.

Santander: respeite o Brasil e os brasileiros!

“Queremos que o Santander respeite o Brasil e os brasileiros. Isso passa pelo diálogo e pelo fim de toda e qualquer prática antisindical. Exigimos o reconhecimento do banco pelo empenho e a dedicação dos seus trabalhadores, que têm sido os principais responsáveis pelos lucros e resultados do banco, enfrentando metas abusivas, assédio moral e precárias condições de trabalho”, enfatiza Ademir.

“Também esperamos que os aposentados sejam respeitados, uma vez que vêm sendo tratados com enorme descaso, apesar de sua dedicação aos bancos adquiridos pelo Santander e da condição de clientes em potencial”, conclui o dirigente da Contraf-CUT.

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