O dia 13 de maio, data lembrada como da Abolição da Escravatura, tornou-se um marco de luta por mais contratações de negros, negras e pessoas com deficiência.
A CUT-RS, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), a Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS) e a Associação do Pessoal da Caixa Federal no RS (Apcef), entre outras entidades, participaram do evento.
A partir do meio-dia desta sexta-feira, na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, manifestantes com faixas, bandeiras e panfletos anunciavam o objetivo da manifestação. A categoria bancária demonstrou a sua união na luta contra o cenário de discriminação e exclusão vigente nos bancos.
Para o presidente do SindBancários, Juberlei Baes Bacelo, o ato foi de extrema importância e fez com que a data assumisse uma nova conotação. “A abolição se transforma na luta dos que acreditam em uma sociedade diferente, igualitária e justa. Os afrodescendentes mais uma vez demonstram a sua importância e tornam-se símbolo da injustiça de uma sociedade que discrimina as minorias”, declarou.
“Este é um protesto pelas coisas erradas que acontecem por conta da discriminação”, assim referiu-se à manifestação a diretora do SindBancários, Carmem Lucia Guedes. “Longe de ser uma data de liberdade e igualdade, o 13 de maio tornou-se um chamado à população para a nossa luta por oportunidades iguais”, afirmou a dirigente.
O drama da marginalização econômica e da injustiça social que afeta os afrodescendentes no Brasil foi exposta. “O povo negro não tem o que comemorar, pois nesta data fomos jogados na sarjeta da sociedade, sem moradia, sem alimento e sem emprego”, enfatizou o diretor da Fetrafi-RS, Edson Moura.
Sem exceção, todos estavam unidos pelo ideal de luta e protesto. “Estamos aqui para protestar contra a discriminação e a falta de oportunidades. Não é preciso muito para observarmos que os bancos, o sistema financeiro como um todo, raramente empregam negros, negras e pessoas com deficiência”, destacou o diretor do SindBancários, Mauro Salles Machado.
Para a diretora sobre Mulher Trabalhadora da Fetrafi-RS, Denise Falkemberg Corrêa, “os bancos são um território de discriminação que reflete a sociedade que vivemos. Estamos aqui para sinalizar o nosso empenho e luta pela reparação que os bancos devem à sociedade por conta da discriminação, principalmente a segregação que atinge as mulheres negras”, manifestou a dirigente.
Segundo dados sobre a categoria bancária, coletados pelo censo de 2008 do IBGE, do total de funcionários do sistema financeiro no Brasil, apenas 8% são constituídos de mulheres negras e 18% de homens negros. Nos postos de maior ascensão, a raça negra aparece com cerca de 1%.
A Esquina Democrática foi o local escolhido por representar a diversidade na capital gaúcha. Para a diretora da Fetrafi-RS, Isis Garcia Marques, “este é o local certo para difundirmos as nossas reivindicações e a cultura africana, a energia e a capacidade incontestável deste povo, que é parte fundamental na construção deste país”, observou.
Pesquisas
Pesquisa realizada pela Febraban, o Mapa da Diversidade, comprova que os bancos discriminam negros, negras e pessoas com deficiência tanto no acesso ao emprego quanto na remuneração e na ascensão profissional.
Alguns destes estabelecimentos não atingem o número determinado pela Lei das Cotas, aprovada em 1991, que determina que ao menos 5% dos funcionários de empresas com mais de mil empregados sejam pessoas com deficiência.
Inclusão não pode significar a criação de duas classes de trabalhadores. O ato deste dia promoveu condições para que as pessoas com deficiência desempenhem funções iguais e recebam os mesmos direitos do restante dos trabalhadores.