Bancários do Santander de todo o país estão com suas atividades paralisadas, nesta quarta-feira (20), contra a aplicação de diversos pontos da reforma trabalhista de Michel Temer, encomendada por banqueiros e empresários.
Na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ficaram paralisadas a sede do banco, conhecida como Torre, onde trabalham mais de 5 mil pessoas; Vila Santander (3,5 mil funcionários); Casa 1 (3,5 mil funcionários); e Casa 3 (1 mil empregados). Além desses centros administrativos, mais de 150 agências não funcionarão.
O Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores do Santander Contra a Retirada de Direitos é uma reação a 7 ataques aos bancários que, com muito trabalho e dedicação, conquistaram um quarto do lucro global do banco espanhol.
“A paralisação acontece em todo o Brasil para que o Santander entenda a importância da negociação coletiva ante os acordos individuais. O banco tem obrigado seus trabalhadores a assinar acordos individuais de banco de horas e não está pagando as horas extras. Além disso, mudou a data do pagamento e está fazendo a divisão das férias em 3 vezes, unilateralmente. Somos contrários à reforma trabalhista, que coloca o banco e os funcionários negociando diretamente”, ressalta Ivone Silva, presidenta do Sindicato.
“Essa reforma trabalhista é uma encomenda dos empresários e banqueiros ao governo Temer, e os Executivos do Santander saíram na frente implantando diversos pontos dessa nova legislação que visa enfraquecer a organização dos trabalhadores”, afirma Marcelo Gonçalves, dirigente sindical e bancário do Santander.
Para o dirigente, “Michel Temer é um preposto do presidente do Santander, Sérgio Rial, e ele já está aproveitando para usar seu presente de Natal, que será o aumento da lucratividade da empresa que comanda por meio da retirada de uma série de direitos dos bancários.”
Segundo o ex-presidente do Sindicato e dirigente da Contraf-CUT Luiz Cláudio Marcolino, "está é a primeira greve que está acontecendo contra a reforma trabalhista no Brasil". "O Itaú, em 1995, tentou fazer, a exemplo do Santander, a comissão individual de trabalho, e foram quatro meses de mobilização dos trabalhadores e do Sindicato, o que obrigou o banco a voltar atrás", ressalta Marcolino. "Ou o Santander revoga todas as medidas que tomou de forma unilateral, desrespeitando os trabalhadores, ou essa paralisação continuará por muitos dias", acrescentou.
“O governo Temer e os executivos do Santander estão tentando vender a ideia de que o individualismo é uma modernização das relações de trabalho, mas individualmente os trabalhadores não têm força para negociar com o empregador, que detêm o poder econômico e a prerrogativa de demitir aqueles que não aceitarem os termos do empregador. O que irá ocorrer nessas negociações individuais será a imposição dos interesses do banco”, alerta Marcelo Gonçalves.
“O principal objetivo dessa nova legislação é enfraquecer a organização dos trabalhadores, enquanto a classe patronal está agindo de forma conjunta e coordenada, seja dentro das empresas e bancos, seja na Fenaban, na Fiesp, ou no Congresso Nacional, onde mais de 300 dos 594 parlamentares são empresários ou ruralistas”, complementa.