Os funcionários do Santander em Rondônia fecharam, por duas horas, a agência localizada na avenida José de Alencar, no Centro de Porto Velho, em protesto contra a onda de demissões praticadas pelo banco, por melhores condições de trabalho e pelo fim da perseguição aos trabalhadores que estão usufruindo do auxílio acidente de trabalho. O ato faz parte do Dia Nacional de Luta que aconteceu nesta manhã nas agências do Santander em todo o país.
De acordo com dirigentes do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), mesmo sendo o Brasil o país onde o Santander registra seu maior lucro a nível global, o banco espanhol 'recompensa' os seus funcionários com demissões sem o menor aviso prévio, principalmente aqueles que dedicaram décadas de suas vidas ao banco.
Em 2016 o banco lucrou R$ 7,3 bilhões (crescimento de 10,8% em relação a 2015), resultado que coloca as operações brasileiras na liderança global do grupo espanhol, com 21% de participação no lucro mundial do banco.
Mesmo assim o banco encerrou o ano de 2016 com 47.254 empregados, uma redução de 2.770 postos de trabalho em relação a 2015. Foram fechadas oito agências nesse período, enquanto o número de clientes cresceu em 1,9 milhão.
"Com esse crescimento visível o banco deveria era contratar mais para melhorar o atendimento e obter mais lucros. Quando contrata, é para ser gerente virtual e ampliar o atendimento digital, sistema que extingue a figura do bancário dentro da agência. Além disso, o banco continua demitindo sem o menor pudor, especialmente funcionários de carreira, que estão próximos da estabilidade pré-aposentadoria ou portadores de doenças ocupacionais (LER-Dort), num verdadeiro holocausto à figura do bancário", mencionou Clemilson Farias, diretor de Imprensa do Sindicato e funcionário do Santander.
O dirigente lembra ainda que o aumento de clientes, diante da redução do número de funcionários, só tende a causar mais adoecimentos aos que permanecem no trabalho e, consequentemente, mais carência no quadro funcional do dia a dia nas agências.
"E para piorar o banco ainda está pressionando o INSS a exigir que aqueles trabalhadores que obtiveram o direito ao auxílio-acidente de trabalho (B 91) refaçam suas avaliações para que os peritos concedam somente o auxílio-doença (B 31), o que fere diretamente os direitos destes trabalhadores. Uma manobra sorrateira para atacar exatamente aqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos lucros do banco neste país", acrescenta.
Troca de Plano de Saúde
Nada de informação prévia aos sindicatos, nem consulta aos trabalhadores. Foi assim, de forma unilateral e arbitrária, que o Santander resolveu trocar os planos de saúde de boa parte dos funcionários. Quem tinha o Bradesco Saúde teve que migrar para o Sulamérica e a coparticipação dos funcionários subiu de 20% para 25%, injustificavelmente.
Os bancários com planos de assistência médica Unimed também viram o percentual de coparticipação ser alterado de 20% para 25% e, a partir da 6ª consulta em um período de 12 meses, para 30%.
Banesprev
Mais de 1600 funcionários do Santander fizeram uma assembleia histórica no dia 28 de janeiro, no E.C. Banespa, em São Paulo, para dizer "não" à reforma estatutária do Banesprev nos moldes apresentados pela patrocinadora.
O Santander quer impor uma lista de retrocessos que podem prejudicar os participantes, com a perda de vários direitos. A situação é tão grave que caso as mudanças sejam referendadas pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), o plano pode até ser extinguido, sem a deliberação em assembleia.