Cresce em todo o país a mobilização pelo fim do desmonte que a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Mirian Belchior, vem desferindo contra a empresa. Nesta quinta-feira (24), centenas de trabalhadores do banco participaram de protestos nas mais importantes cidades do país. No Rio de Janeiro, o ato foi em frente ao prédio da Barroso, o principal da estatal na capital fluminense.
"A Caixa está sob risco. O desmonte, com a extinção de setores inteiros e descomissionamentos de centenas de colegas, com perdas que chegam a 50% da remuneração, fragiliza a estatal e atinge de maneira cruel seus empregados", afirmou o vice-presidente do Sindicato, Paulo Matileti, durante a manifestação no Barrosão. O dirigente convocou todo o funcionalismo a se mobilizar, até porque o desmonte está sendo imposto, sem ter havido qualquer consulta ao movimento sindical e, por isso mesmo, não se sabe a sua extensão. "Hoje estão sendo extintas unidades-meio, mas toda a Caixa está sob ameaça, inclusive as agências", alertou. A presidente do Sindicato, Adriana Nalesso, e diretores da entidade, estiveram presentes o protesto.
Setores extintos
Por ser uma das praças mais atingidas até o momento, juntamente com Brasília, o Rio de Janeiro saiu na frente das mobilizações, com uma paralisação de agências do Centro da cidade e do prédio da Barroso, no último dia 16. "Agora, este ato nacional aumenta a pressão sobre a diretoria da empresa, que vai continuar se ampliando até que a sua presidente suspenda o desmonte e receba o movimento sindical. Queremos mudanças, sim, mas através do fortalecimento do banco, com novas contratações, pois estamos enfrentando o adoecimento graças ao déficit de pessoal e à sobrecarga de trabalho que isto acarreta", afirmou.
No Rio de Janeiro, setores importantes estão na mira, já tendo sido extinta a Gerência de Recuperação de Ativos (Girec), com 102 descomissionamentos. Estão sob ameaça, entre outros, o Reret (setor de retaguarda), o Dicac (conjunto cultural onde estão expostas as obras de Frida Kahlo) e a Gifug (responsável pelo FGTS). "Tudo isto só faz jogar água no moinho da privatização, ameaça que cresce com a aprovação, pelo Senado, do projeto de lei 555. Pela proposta, as estatais como a Caixa terão aberto o seu capital, com a privatização através da venda de ações em Bolsa", advertiu Matileti.
Além da mobilização, como parte da luta contra o desmonte, o Sindicato do Rio estuda medidas judiciais. Em Brasília, o Sindicato dos Bancários local conseguiu liminar suspendendo a reestruturação. No entender do juiz da 5ª Vara do Trabalho, as mudanças se assemelham a demissões em massa, pois há previsão de extinção de setores inteiros do banco e transferência de empregados, e que, por isso, o Sindicato deveria ter sido consultado. O juiz também proibiu a Caixa de praticar atos que impliquem o descomissionamento e transferências de empregados. A decisão é válida apenas na capital federal.