Bancários do Itaú realizam Dia Nacional de Luta contra demissões

Os bancários do Itaú estão mobilizados nesta quinta-feira (18), realizando um Dia Nacional de Luta contra as milhares de demissões, as péssimas condições de trabalho e ao descaso da direção do Itaú em resolver os problemas dos trabalhadores. Os sindicatos estão distribuindo a nova edição do jornal Itaunido, elaborado pela Contraf-CUT.

> Clique aqui para ler o jornal Itaunido.

A mobilização lança também a Campanha de Valorização dos Funcionários, definida pela Contraf-CUT, federações e sindicatos. O mote é “Esse Cara Sou Eu”, inspirado no sucesso de Roberto Carlos, fazendo uma paródia sobre as condições de trabalho no banco .

“O cara que só pensa no programa AGIR toda hora, sempre com medo de perder o emprego. Que deixa de lado estudos e a família, que aceita o horário estendido, que sofre para bater as metas, que encara perigos como assaltos e doenças. Esse cara que, mesmo sendo caixa, é cobrado com metas diárias, mas que não recebe nenhum centavo do programa”, diz um dos versos da música.

> Clique aqui para ouvir a paródia da música

“Essa campanha foi construída no Encontro Nacional dos Funcionários do Itaú, realizado de 2 a 4 de abril, em Embu das Artes (SP), buscando pressionar o banco a negociar o fim das demissões e da política de rotatividade, bem como melhores condições de trabalho”, afirma Wanderley Crivellari, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú

Milhares de dispensas imotivadas

O Itaú é o banco que mais demitiu no Brasil em 2012, apesar dos lucros recordes. A instituição fechou 7.935 postos de trabalho, uma redução de 8,08% de seu quadro funcional. Desde março de 2011, já são 13.699 empregos a menos.

Enquanto isso, o lucro líquido recorrente do Itaú atingiu R$ 14,043 bilhões em 2012. Esse foi o segundo maior lucro de um banco no país. O maior foi o resultado do próprio Itaú em 2011, quando bateu R$ 14,640 bilhões.

O banco pagou em 2012 todas as despesas de pessoal apenas com receitas de serviços e tarifas e ainda apresentou um excedente de 44,8% da soma dessas receitas. Além disso, a despesa com pessoal cresceu apenas 0,5% de 2011 para 2012. Isso mostra que o Itaú está se utilizando da rotatividade e do corte de funcionários para turbinar o seu lucro.

“Queremos o fim das demissões, da rotatividade e das metas abusivas. Precisamos ter ousadia, esperança, unidade nacional e mobilização, pois o banco tem clara sua estratégia de diminuir seus custos sacrificando o emprego. Nós temos que ir além do possível quando se trata da proteção do emprego digno, de qualidade, em que as pessoas não adoeçam, não morram, enfim de um emprego decente”, enfatiza Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e funcionário do Itaú.

Horário estendido sem solução

Os funcionários do Itaú continuam sofrendo com a adoção de horários diferenciados em centenas de agências por todo o país. A mudança ocorreu unilateralmente e os bancários tiveram de se adequar. A medida trouxe sobrecarga de serviços, causando consequências diretas no emprego, jornada, organização de trabalho e, principalmente, na qualidade de vida dos trabalhadores, fragilizando ainda a segurança de bancários e clientes. De um dia para o outro, muitos perderam cursos, faculdades e sentiram que sua vida pessoal se transformou em caos.

“Não somos contra a ampliação do horário de atendimento das agências. Temos uma reivindicação antiga para ampliar o horário das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho e mais contratações de bancários, a fim de atender melhor os clientes e a população. Essa proposta está com a Fenaban há muitos anos. Por que não começamos a discussão a partir daí?”, questiona Carlos Cordeiro.

O programa está acarretando inúmeros prejuízos aos bancários em todo o país. “As informações recebidas pelos sindicatos é que diversas agências não possuem o movimento de clientes que o banco afirma ter. Além disso, a medida sequer amplia o número de contratações e os bancários estão sendo obrigados a trabalhar no limite”, denuncia o dirigente sindical.

Problemas nas agências continuam

São muitos os problemas que afligem os bancários nas agências do Itaú. Além do horário estendido e da cobrança de metas abusivas e diárias, os caixas estão precisando lidar com o fim da bobina, a necessidade de vender e não receber por isto, a mudança de nomenclatura de cargos de caixa, desvio de função de gerentes operacionais e a falta de funcionários.

As segundas vias das bobinas foram extintas de forma arbitrária há mais de dois anos e o banco não resolveu o problema. Os caixas estão tendo dificuldades para localizar as diferenças e, com isso, aumentaram as ocorrências de erros não localizados e a necessidade de cobrir as diferenças. A calculadora com identificação da transação que o banco oferece não está resolvendo os problemas. É necessário unificar a transação de pesquisa (FE 417) com a calculadora e disponibilizá-la no sistema por mais tempo.

A vida dos gerentes operacionais também não está fácil. Com a gradual extinção dos cargos de chefes de serviço e supervisores e com a falta crônica de funcionários, eles estão sobrecarregados, sendo deslocados para trabalhar no caixa, sem fazer hora de almoço nem tirar férias completas.

Além disso, a mudança de nomenclatura de cargos de caixa para assistente de negócios está descaracterizando a função e obrigando esses bancários a realizar as duas funções.

O banco precisa respeitar seus trabalhadores e tomar providências imediatas para melhorar as condições de trabalho.

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