O segundo eixo de debate do 31º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil realizado neste domingo (12) foi com o tema “Eles não vão gostar, mas nós não vamos largar nada!” , sobre a participação dos bancários entidades de autogestão do banco, como a Previ e a Cassi. O objetivo era traças as estratégias para defender a representação dos trabalhadores nessas instituições.
Anderson Mendes, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, afirmou que a gente tem passado por momentos muitos difíceis das autogestões, com investidas muito grandes do mercado em várias frentes. “As autogestões padecem de um problema que agravam seus custos, que são a não oxigenação da carteira, tendo em vista que as empresas têm cada vez menos novos funcionários, então temos cada vez menos novos entrantes nos planos e isso vai envelhecendo essa carteira, o que torna um desafio a sustentabilidade do plano. E isso vem agravando mais o novo modelo do que outros.”
Mendes citou outra mazela que as instituições de autogestão sofrem que o resto do mercado não tem, como escolha de onde trabalhar. “O mercado pode decidir, por exemplo, não trabalhar numa região que não tem oferta de serviço. As autogestões não têm essa escolha. Se tem um colega nosso está em algum lugar, temos de buscar atendimento, buscar alguma forma de oferecer serviço de saúde a ele. “
O presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde lembra que, apesar dos problemas citados anteriormente, nas questões legais e regulatórias das agências as autogestões acabam tendo o mesmo tratamento que os demais planos. “Eles não conseguem perceber a importância de tratar diferente os que são diferentes. Eles não conseguem perceber que a gente tem um papel social muito importante, que a gente tem um modelo muito interessante com participação efetiva dos próprios associados e o como é importante a participação dos próprios beneficiários. Se eles não nos tratam de forma diferente, eles dificultam muito essa sustentabilidade.”
Anderson Mendes revelou que a União Nacional vem trabalhando junto a políticos para que a causa seja defendida na esfera legislativa. “Nos próximos meses está para sair um novo projeto de lei que institui um novo marco legal para a saúde e a gente vem tentando buscar espaço junto ao legislativo para que a própria definição na Lei trate as autogestões de forma diferente. Com isso, a agência acaba sendo obrigada a seguir isso que está descrito na Lei e teríamos um tratamento diferenciado.”
Representação dos trabalhadores não é problema
Wagner Nascimento, dirigente sindical do Banco do Brasil, destacou que o movimento sindical está muito atacado. “Como se representar os trabalhadores fosse algum tipo de problema”, disse. O sindicalista lembrou que os bancários do Banco do Brasil têm a capacidade de olhar a empresa como um todo. “Às Vezes, o trabalho de um dirigente sindical traz mais competência para olhar as empresas. Pela ótica dos funcionários e também pela ótica do próprio banco”, disse o dirigente que disputa esta semana a eleição para a diretoria da Previ pela chapa 1 Previ para o Associado.
Nascimento alertou para o momento atual, quando se quer acabar com a eleição dos fundos de pensão. “Queriam incluir os agentes de mercado. São pessoas que têm competência e, entre a parte de trabalhadores e a parte do patrão, é lógico que eles são alinhados muito mais com os patrões.”, declarou Nascimento, para quem essa visão tem crescido ultimamente.
Para o dirigente sindical, existe um ambiente de disputa quando se discute a participação nos órgãos de representação, principalmente quando deles participam os agentes de mercado. “Olha o histórico dos fundos de pensão com agentes de mercado privado. Temos o mau exemplo do fundo dos Correios, que inclusive passou por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)”, lembrou Nascimento.
Para o dirigente sindical, as gestões dos funcionários do Banco do Brasil são benéficas. “Fazemos uma gestão mais ética, mais séria, com a participação dos associados. Se abrirmos mão do papel das entidades sindicais, associativas e das associações de funcionários estaremos entregando a gestão toda para o patrão”. Nascimento também lembra que nos bancos públicos que foram privatizados foram feitas mudanças nos planos de saúde dos funcionários, nos planos de previdência, em prejuízo dos trabalhadores e a favor da contabilidade das empresas.
O sucateamento do BB, demissões e as ameaças do momento
O ex-presidente do Fundo de Pensão dos Trabalhadores da BRF, Francisco Ferreira Alexandre fez uma apresentação sobre a história e a importância do Banco do Brasil para o país, mas também sobre o sucateamento que o banco vem sofrendo ao logo desta história.
“Em 31 de agosto de 1995 o banco demitiu, em um só dia, 18.600 funcionários. Entre 1995 e 1998, o banco demitiu 46.760 funcionários”, observou Francisco ao destacar que atualmente revivemos esse momento enfrentado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. “Hoje dizem que temos que privatizar tudo e que o BB perdeu o bônus de banco público”, disse.