(São Paulo) Oito meses depois do lançamento do plano de reestruturação do Banco do Brasil, os bancários continuam sofrendo com os reflexos do pacote de maldades, como ficou conhecido o conjunto de medidas. A centralização dos serviços nas antigas Gerel, em poucas unidades, criou um novo modelo, que remonta o Cesec. Essa nova estrutura já faz efeito nas agências mesmo antes de funcionar pra valer. A parte operacional, que futuramente será bastante reduzida, já sofreu com a alteração dos serviços de Gerex.
“Os Gerex, agora chamados de Gerente de Módulo de Atendimento e Serviços de Unidade de Negócios, só pelo tamanho do nome da comissão já deveriam ganhar mais que ganham. Com a criação dos novos modelos de segmentação, as agências agora têm um Gerex para cuidar de uma carteira mista de PF e PJ, o chamado ‘Carteirão’. Esse ‘cuidar da carteira’, pra não fugir a norma da casa, é recheado de metas de crédito, de inadimplência, de produtos de seguridade, etc. O Gerex agora virou um Gerente de Contas que deve entender de Pessoas Físicas e Jurídicas, mas que incrivelmente ganha menos que os seus colegas Gecons”, relata Wagner Nascimento, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte.
Wagner conta que o outro Gerex nas unidades também acumula duas funções, que é de cuidar de caixas e tesouraria e ainda do suporte operacional da agência. “O que temos visto, depois disto é uma grande quantidade de estagiários cuidando de processos judiciais, de dados confidenciais e até mesmo do correio interno das dependências. A moda agora é diversificar. E, diversificando, alguns Gerex estão trocando a sua comissão por comissões de assistente A e até B, fora das agências, já que a perda salarial não é grande e existe ganho na qualidade de trabalho e de vida”, releva Wagner Nascimento.
O bancário Gilberto Reck, diretor do Sindicato de Curitiba, diz que na capital paranaense ocorre o mesmo problema. Os funcionários têm procurado, quando possível, trabalhar fora das agências e do stress que elas causam para se deslocar para atividades meio.
“Sou um funcionário do BB há 31 anos e acredito que as agências são o ponto de contato privilegiado do banco com a sociedade e, por sua vez, com as crises que essa sociedade vive. Também ouvi de alguns gestores de agência que os funcionários novos que passam uma temporada na Central de atendimento, chegam às agências mais preparados do que os que são lançados diretamente no ‘fogo cruzado’ das agências do varejo. Essa mediação entre tecnologia, preparado técnico e atendimento tradicional precisa ser mais bem equacionado para não gerar uma crise organizacional. Toda a função no BB deveria vista como um lugar desejável para se trabalhar e fazer carreira”, comenta Gilberto.
Fonte: Contraf-CUT