Bancários do ABC debatem humanização da perícia e código de ética médica

Como parte das atividades desenvolvidas para celebrar o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Doenças e Acidentes de Trabalho, o Sindicato dos Bancários do ABC, em conjunto com as demais entidades filiadas à CUT, realizou na quinta-feira, 28 de abril, um debate sobre a humanização das perícias e o novo código de ética médica.

Participaram do evento, como debatedores, Dr. Paulo Roberto Kaufmann, médico do Trabalho, mestre em sociologia do trabalho e colaborador na elaboração de normas técnicas do INSS e do SUS e a Dra. Leopoldina de Lurdes Xavier, advogada especialista em infortunística do trabalho, fomentadora da área de saúde no movimento sindical.

Segundo Paulo Lage, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, é difícil tratar deste tema sobre saúde e segurança no trabalho.

“O dia 28 de abril é um momento de todos nós, sindicalistas, trabalhadores e a sociedade em geral, fazermos uma profunda reflexão sobre esse tema, no entanto, não podemos nos limitar somente ao dia de hoje, temos a obrigação de fazer essa discussão durante o ano todo”, diz Paulo Lage.

Kaufmann abriu sua fala apresentando vários dados sobre análises e conclusões periciais e, também, sobre o Código de Ética Médica. “É notificado somente 2% das doenças do trabalho que de fato ocorrem no Brasil, isso representa que cada médico do trabalho demora, em média, três anos para encontrar um caso de doença do trabalho”, diz o médico que levanta ainda algumas questões. “Isso é resultado de boa técnica? Isto é atitude ética? Significa respeito ao trabalhador e à sua saúde ou é resultado do mercado?”, indaga.

Para Leopoldina, isto é uma questão de classe, pois é ela quem
determina quem é o vitorioso nestes processos. “Não temos nada a comemorar no dia de hoje, nem as entidades, nem os trabalhadores e nem os patrões. Para estes é mais vantajoso não investir em saúde do trabalhador, pois eles têm os peritos a seu favor”, diz a advogada, que afirma que há peritos judiciais trabalhando como assistentes técnicos em empresas.

“Isso é um absurdo. Qual a segurança jurídica que tem um trabalhador quando um perito judicial nomeado para seu caso, é assistente técnico de uma empresa? Não é ilegal, mas é imoral o que está acontecendo nas perícias judiciais”, complementa Leopoldina.

Para Adma Maria Gomes, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários do ABC, esse debate é um passo muito importante. “A realização deste evento é de extrema importância, pois devemos ter a unidade em relação ao tema, que está relacionado à saúde do trabalhador. Todas as atividades realizadas em 28 de abril têm que ter uma continuidade”, diz Adma.

Além dos Sindicatos dos Bancários e dos Químicos do ABC, estiveram presentes os representantes das regionais do Cerest de Santo André, Diadema e de Mauá, dos metalúrgicos de Sorocaba, Associação de Aposentados dos Químicos, Sindserv de Santo André, Borracheiros e Sindsaúde.

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