Bancários discutem criação de plano de previdência complementar associativo

Rede de Comunicação dos Bancários
Evando Peixoto/Fenae e Seeb DF

Os bancários iniciam em São Paulo a 10ª Conferência Nacional da categoria com o firme propósito de adotar o regime de previdência complementar para todos os trabalhadores de instituições financeiras. Atualmente, apenas empregados de bancos públicos contam com fundos de pensão para complementação de suas aposentadorias. A Previ, no Banco do Brasil, e a Funcef, na Caixa, são os exemplos mais bem sucedidos.

A idéia da previdência complementar para todos os bancários está posta como uma das prioridades da Campanha Nacional 2008. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Vagner Freitas, foi enfático ao abordar o assunto no início das discussões no Encontro Nacional sobre Previdência Complementar, na manhã desta sexta-feira, no Parque Anhembi: “Vamos discutir com os patrões a criação de um plano de previdência complementar comum a todos os bancários; vamos aqui qualificar a nossa intervenção para sustentar as negociações”.

O encontro aborda a organização e o funcionamento da previdência pública e privada no país, buscando direcionar a intervenção do movimento sindical bancário para a garantia de vida digna aos aposentados e pensionistas. Os debates foram abertos com exposições de Carlos Gabas, secretário executivo do Ministério da Previdência Social, e de Antônio Bráulio de Carvalho, diretor de Planejamento e Controladoria da Funcef.

Carlos Gabas não vê concorrência entre o regime geral da Previdência Social e a previdência complementar. “Ambas se enquadram no conceito de bem-estar do trabalhador e contribuem para o desenvolvimento e a poupança do país”, ressaltou.

O secretário sugeriu, inclusive, que a Contraf institua o plano associativo independente de entendimento prévio com os patrões, para que os bancários em geral deixem de continuar como alvos de produtos dos próprios bancos. “Criado o plano, a categoria coloca na mesa a discussão sobre o quanto eles (empregadores) vão aportar”, explicou.

Na opinião de Gabas, o sistema de previdência social brasileiro, ao contrário do conceito que se criou sobre ele ao longo dos anos, é “referência mundial” e vem demonstrando que “o modelo solidário pode, sim, ser sustentável”. Segundo ele, mesmo com os subsídios que são dados pelo Estado com ônus para a Previdência, o crescimento do déficit do sistema foi contido e não há risco de descontrole.

O recadastramento dos beneficiários e o desbaratamento de quadrilhas que agem no INSS são apontados por Gabas como principais fatores do crescimento da arrecadação. O secretário informou que está havendo uma “separação de contas” entre as que são efetivamente da Previdência e as que são subsídios oferecidos pela União e que, em breve, serão divulgados números que demonstram a existência de superávit no regime urbano contributivo.

Quanto ao Fator Previdenciário, Carlos Gabas disse que não vê a possibilidade de eliminá-lo porque estamos vivendo cada vez mais e isso precisa ser levando em conta para que as contas fechem. “Atingimos a expectativa de vida de 70 anos e não tenho dúvida de que, num futuro não muito distante, chegaremos aos cem anos, o que nos coloca a questão sobre como pagar o custo decorrente disso”, enfatizou.

No decorrer do debate, a posição de Gabas sobre o fator previdenciário foi rebatida em diversas intervenções de bancários. O secretário sugeriu que a Contraf/CUT realize seminário específico sobre o tema e o convide novamente para a discussão. O coordenador da mesa do encontro, José Carlos Alonso, disse que a proposta será apreciada pela diretoria da confederação.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram