Elisângela Cordeiro
Rede de Comunicação dos Bancários
Grande parte dos bancários quer reajuste de salário de até 10% na campanha nacional deste ano. Reforçando o resultado das consultas realizadas na maioria dos estados, a pesquisa apresentada, nesta sexta-feira, 17 de julho, no Encontro Nacional sobre Emprego e Remuneração, primeiro dia da 11 º Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, em São Paulo, indica que 66% dos 1.600 entrevistados bancários em 17 capitais brasileiras apontam reajuste até de 10% como o ideal e para 28%, acima de 10%.
Além de dados sobre índices, também foram apresentadas informações sobre emprego e Participação nos Lucros e Resultados para balizar as discussões do grupo quem tem como objetivo apresentar propostas para a pauta de reivindicações da categoria a ser entregue para a Federação dos Bancos (Fenaban), em agosto. A data-base da categoria é 1º de setembro.
Reajuste e PLR
Em sua apresentação, a economista do Dieese, Ana Carolina Tossetti, destacou que houve melhora nas negociações coletivas entre o primeiro trimestre de 2009 em relação ao mesmo período do ano passado. Das 750 categorias, 79% encerraram as negociações, nos três primeiros meses do ano, com índice superior à inflação, contra 77% do mesmo trimestre do ano anterior. Igual à inflação, foram 17% contra 12% e abaixo da inflação, 4% contra 11%.
Ela destacou ainda que apesar de os bancários terem conquistado uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) maior nos últimos anos, os banqueiros foram incluindo travas na distribuição, com tetos, e atrelando o valor adicional a riscos questionáveis descontados do lucro, via balanço. Ela apontou os lançamentos contábeis que reduzem o lucro líquido dos bancos, impactando no montante a ser distribuído para os bancários: provisionamento de crédito para liquidação duvidosa, amortização de ágio decorrente de aquisições, crédito tributário, lucro recorrente, lucro gerencial ou pró-forma (fusão). “Impactos injustos, porque os bancários continuaram a trabalhar no mesmo ritmo ou até mais, gerando lucro maior, porém contabilmente reduzido”, avaliou.
“Precisamos sair dessas armadilhas. Por isso, defendemos que o valor adicional à PLR não seja mais calculado a partir da variação do lucro de um ano para o outro. É mais justo que esse cálculo seja feito por meio de uma conta/indicador que represente o esforço dos bancários”, disse Juvândia Moreira Leite, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que coordenou os trabalhos da mesa sobre remuneração e emprego.
Emprego
Outra preocupação que os bancários apontaram na pesquisa nacional foi em relação ao emprego. E os dados apresentados pelo economista do Dieese, Miguel Huertas, rechaçam essa preocupação. Segundo estudo da Contraf-CUT e do Dieese, os bancos fecharam 1.354 postos de trabalho de janeiro a março deste ano no Brasil. No primeiro trimestre, os bancos fizeram 8.236 desligamentos e 6.882 contratações.
O estudo mostra ainda que os bancos estão demitindo trabalhadores mais velhos e qualificados para contratar pessoas mais jovens por salários menores, a chamada rotatividade ou “turnover”. Os 8.236 trabalhadores desligados no período tinham remuneração média de R$ 3.939,84; enquanto os 6.882 admitidos recebem em média R$ 1.794,46. A diferença é de 54,45%.