Os bancários do Ceará distribuíram banana, na manhã desta terça-feira (4), numa forma bem humorada de denunciar à sociedade o descaso dos banqueiros durante a greve que chegou hoje ao seu 29º dia. A categoria se reuniu em frente à Caixa Econômica Federal na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza.
“Com 29 dias de greve, o que foi oferecido pelos banqueiros não recupera nem o poder de compra dos trabalhadores bancários, eles não querem discutir a questão da saúde, da contratação, da segurança, que atinge diretamente o usuário de banco. E nós estamos aqui hoje com atores representando os banqueiros e mostrando o que eles oferecem aos trabalhadores e à sociedade: apenas bananas. É um verdadeiro desrespeito à classe trabalhadora”, destacou o diretor do Sindicato e representante da Fetrafi/NE na CEE-Caixa, Marcos Saraiva.
Já o diretor do Sindicato, Aílson Duarte, falou à população que os bancários compreendem o quanto a sociedade sofre com a greve, mas destacou que a culpa do impasse é dos banqueiros. “A greve prejudica os trabalhadores, prejudica o comércio, e nós queremos abrir o diálogo com a Fenaban, mas os banqueiros continuam insistindo em sequer repor a inflação do período, o que é um absurdo. É por isso que nós ainda estamos nessa greve, que já é a mais longa dos últimos trinta anos”, explicou.
“Sabemos que a intransigência dos banqueiros, patrocinada pelo governo Temer, vai nos forçar a passar dos 30 dias de greve. Portanto, vamos nos preparar, porque esse é o primeiro grande enfrentamento que os trabalhadores desse país, através de uma das categorias mais organizadas que é a dos bancários, farão contra esse governo golpista. E se tem uma categoria de resistência, capaz de lutar até o fim pela garantia de seus direitos, essa categoria é a dos bancários. Nós fazemos greve desde 2003 e sempre arrancamos aumento real e novas conquistas”, completou Tomaz de Aquino, diretor do Sindicato e coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB).
Só a luta te garante – Nesta terça-feira, 29º dia de greve, 432 das 562 agências do Ceará permaneceram fechadas, representando uma adesão de 76,8% em todo o Estado. As mobilizações da greve continuam amanhã, dia 5/10, no centro administrativo do BNB, no Passaré, a partir das 9h, enquanto que na quinta, 6/10, a mobilização será na Praça do Carmo, às 10h.
Na sexta-feira, dia 7/10, será realizada ainda uma plenária jurídica para debater os impactos da greve, a partir das 16h, na sede do Sindicato. Nova assembleia de organização ficou agendada para a próxima segunda-feira, dia 10, no Sindicato.
“Quando, na mesa de negociação entre Fenaban e Comando, nós questionamos o porquê dos bancos não oferecerem proposta com aumento real, eles simplesmente responderam: ‘pergunta pro Elizeu [Padilha – ministro da Casa Civil]’, politizando a nossa campanha e dando a entender que o governo golpista está usando nossa categoria como bode expiatório do tal ‘ajuste fiscal’, retirando direitos da classe trabalhadora. Eu fico muito orgulhoso de ver os bancários nessa resistência, pois sabemos que fazer uma greve de quase 30 dias não é fácil, mas não estamos em greve por querer, estamos em greve para defendermos nossas conquistas”, concluiu o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.