Bancários e clientes criticam condições de trabalho e de atendimento
O movimento sindical organizou mais um ato para denunciar as demissões imotivadas perpetradas pelo Santander. Os protestos ocorreram nesta terça-feira 17, em diversas agências localizadas na base da Fetec/CUT-SP. As unidades permaneceram fechadas durante todo o dia.
Segundo dados do balanço do banco, mesmo com lucro líquido de R$ 4,3 bilhões até setembro deste ano, houve corte de 3.414 empregos no mesmo período. Apenas no terceiro trimestre de 2013, a instituição eliminou 1.124 postos de trabalho. Já nos últimos 12 meses, a redução alcançou 4.542 vagas, queda de 8,2% no quadro de funcionários, que caiu para 50.578 em setembro.
Os remanescentes precisam lidar, além da ameaça constante de demissão sem nenhuma justificativa, com a sobrecarga de trabalho. “Eram 10 caixas, agora são cinco. Eram nove coordenadores, agora são quatro. E isso para uma agência com 200 mil clientes. E as metas continuam as mesmas. Temos que vender 470 produtos por mês”, conta um bancário da unidade João Brícola, no centro de São Paulo.
Se por um lado o Santander diminui drasticamente a quantidade de funcionários, por outro lado observa um grande aumento no número de contas correntes: 1,5 milhão a mais nos últimos 12 meses. A instituição também experimentou crescimento de 2,1 milhões de clientes no período – 7,8% a mais.
Baderna
Mas quantidade não é sinônimo de qualidade, como atesta o contador Luiz Carlos. “Essa agência é uma zona, uma baderna!”, bradou o cliente, referindo-se a uma unidade localizada na Avenida Paulista, que também teve suas atividades paralisadas.
“Essa agência é muito movimentada, até pela localização”, diz um funcionário de uma unidade na Avenida Paulista. “Eram cinco caixas. Desativaram um, mas caixa vazio simboliza descuido do banco, então, para resolver o problema, taparam com uma parede”, avalia o empregado integrante do programa jovem aprendiz, mas que também precisa bater meta. “Todo o problema do banco está relacionado à falta de funcionário”, opina.
“Tem que melhorar muita coisa”, afirma o contador Luiz Carlos. “O banco manda funcionário embora para faturar mais, e para os clientes sobra mau atendimento. Sem contar as tarifas abusivas”, desabafou.
A opinião de Luiz Carlos tem embasamento. Em 2013, o Santander foi nove vezes líder do ranking de reclamações do Banco Central. O índice leva em conta instituições com mais de um milhão de clientes.
Em setembro, as receitas vindas de tarifas e taxas de prestação atingiram R$ 7,828 bilhões – alta de 9,3% em relação ao ano anterior. O valor poderia sustentar quase uma vez e meia a folha de pagamento do banco.
O auditor Marco Cesare aguardava há 40 minutos para ser atendido no setor de gerência de pessoa física de uma agência do Centro. “Sempre foi assim, por isso deixei de ser cliente do Santander. Só estou aqui porque vim resolver a última pendência. Vim fazer um resgate de previdência e o banco só permite fazer isso na agência. Depois disso, acabou.”