O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem recebido várias denúncias de funcionários que passam pela medicina ocupacional de diversas unidades do Itaú e se deparam com problemas graves que comprometem ainda mais sua saúde no ambiente de trabalho: o tratamento dado pelo médico.
Para a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares, a violência organizacional lamentavelmente chegou a um dos departamentos da instituição financeira que deveria passar longe da pressão que faz parte da gestão do banco.
“O serviço médico ocupacional deve ser um espaço no qual os trabalhadores procuram apoio. No entanto, estão tendo de enfrentar a mesma truculência de algumas gestões do ambiente de trabalho. É um desrespeito com o funcionário, com o ser humano, que vai adoecer ainda mais”, relata a dirigente.
Um exemplo de queixa recebida pelo Sindicato é de um funcionário que retornou ao trabalho com relatórios de outro médico, que solicitava troca de função ou redução da carga horária para preservar sua saúde, com o objetivo de amenizar o adoecimento ocupacional.
“A resposta do médico do Itaú foi a seguinte: ‘não vamos mudar sua função, se você não está feliz, vá procurar algo que de fato te faça feliz’. Não faz sentido o banco não se responsabilizar pelo adoecimento de um trabalhador no local de trabalho”, diz Marta Soares.
Segundo a dirigente, outro bancário foi avaliado pelo mesmo médico. “Na consulta, o especialista que representa o banco pediu que o funcionário levantasse os braços, ficasse de pé, e em seguida anunciou o resultado de sua avaliação: ‘se você consegue andar e levantar os braços, você está em ótimas condições de saúde'”, afirma.
“Outro funcionário ouviu do médico do trabalho que ele deveria procurar outro emprego, ter um plano B. Parece piada de muito mau gosto, mas, infelizmente, o bancário adoecido que já enfrenta inúmeros problemas está sendo tratado desse modo em uma instituição financeira que está entre as maiores e mais rentáveis do país”, relata Marta.
A secretária de Saúde do Sindicato cobra do banco uma postura ética no atendimento médico ocupacional dos funcionários em todos os locais.
Os casos não param por aí. Outro bancário relata que ouviu do mesmo médico: “Você tem um currículo tão bom, porque não procura algo diferente para fazer? Aqui não é lugar para gente fraca, para funcionário que não suporta pressão”.
Outro trabalhador denuncia à secretaria de Saúde do Sindicato os comentários do profissional contratado pelo banco: “Você não é nenhum inválido, você faz alongamento e fisioterapia com aparelho e ainda paga? Então você é burro de gastar dinheiro com isso”. E o médico vai além ao comentar: “Existem pessoas que não tem perna e nem braço e ainda trabalham. Você que tem pernas e braços, não pode trabalhar?”.
Consequências
A secretária de Saúde do Sindicato alerta para os danos psicológicos que os trabalhadores que foram submetidos ao tratamento impróprio do serviço médico do Itaú podem sofrer. “No Brasil, em 2011, foram registrados 12.337 acidentes de trabalho relacionados a transtornos mentais. Na categoria bancária não temos um registro preciso, mas o número é grande, uma vez que as metas abusivas estão presentes nas agências e departamentos”, aponta.
“Quando o funcionário adoece e procura ajuda, já está fragilizado. É inadmissível que tenha de passar por mais uma situação traumática. Queremos uma solução de emergência a respeito deste departamento e o tratamento dado aos bancários”, conclui Marta.